Uso de protetor solar pode prejudicar a fertilidade masculina e estar associado a casos de infertilidade sem causa aparente

Além dos diversos fatores que afetam a fertilidade já bastante conhecidos e estudados pela medicina reprodutiva, como a má alimentação, o sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e as doenças como a endometriose, mais um fator aparentemente inofensivo e recentemente descoberto pode atrapalhar os planos de casais que desejam gerar um filho: o uso do protetor solar.
Recomendação consensual entre os dermatologistas, principalmente no verão, o uso do filtro solar que é indispensável para proteger a pele de queimaduras e de doenças ocasionadas pelos raios solares, pode ser, em contrapartida, um grande vilão para a fertilidade masculina.
Uma pesquisa recentemente publicada no American Journal of Epidemiology, realizada por cientistas do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, concluiu que produtos químicos usados na fabricação de protetores solares e de outros produtos de higiene pessoal que filtram os raios UV podem desenvolver ou intensificar a infertilidade entre os homens.
As pesquisas 
O estudo foi realizado com 500 casais heterossexuais, das cidades de Michigan e do Texas, que estavam tentando engravidar. Eles foram acompanhados durante um ano pelos pesquisadores. Ao todo, foram quatro anos de pesquisa, período em que os casais anotaram sua rotina em um diário e realizaram diversos exames, como o de urina, até que tivessem concebido um bebê ou, pelo menos, tentado durante 12 meses.
 A pesquisa analisou a interação entre substâncias químicas ambientais e fertilidade e demonstrou que os casais que levaram mais tempo para conceber tinham algo em comum: o benzofanona-2 e o 4Oh-BP, dois filtros UV comumente encontrados em bloqueadores solares e filtros solares químicos, foram encontrados em concentrações elevadas na urina dos homens. Desses, 30% apresentaram redução em seu potencial fértil e menos chances de engravidar suas parceiras no período de 1 ano.
Um outro estudo, desta vez realizado na Dinamarca, também encontrou uma relação direta entre os agentes químicos do protetor solar e a infertilidade masculina. Ao colocar essas substâncias em contato com um ambiente que simulava o encontrado nas tubas uterinas, os espermatozoides ali presentes começaram a mostrar uma modificação na sua motilidade (movimentação).
Como amenizar?
O que fazer portanto, quando se vive em um país tropical, onde o sol incide com tanta intensidade em grande parte das regiões e praticamente durante o ano todo? As pesquisas não deixam claro se as substâncias presentes nos bloqueadores solares também danificam a qualidade do esperma. Ainda não está claro se os homens devem evitar o uso de filtros solares, porém este fator pode ser considerado um novo parâmetro de investigação e ajudar a desvendar os casos de casais inférteis nos quais não se identifica a causa do problema.
O que se pode fazer para proteger a pele do sol sem prejudicar a fertilidade é que as pessoas se certifiquem de que lavaram a pele e retiraram todo o produto após se expor ao sol.
Fonte: American Journal of Epidemiology,  Janeiro de 2017.
Texto escrito pela Dra. Lilian Serio, médica especialista em Medicina Reprodutiva, Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

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