Tratamentos de Fertilidade em Casais Homoafetivos

Os casais homoafetivos vêm utilizando as técnicas de medicina reprodutiva há anos, porém esse uso ainda é considerado pequeno quando comparado ao de casais heterossexuais. Para se ter uma ideia, em 1985, somente 0,7% dos casais que buscavam um tratamento eram do mesmo sexo. Esse número vêm crescendo nos últimos anos, desde a conquista expansiva dos direitos desses casais, mas pouca ou nenhuma pesquisa é direcionada para esse tipo particular de pacientes, em parte devido à falta de aceitação da sociedade.
Algumas clínicas nos EUA, simplesmente, não aceitam esses casais. Em 2014, somente 60% das clínicas norte-americanas trataram casais homoafetivos femininos e apenas 46%, homoafetivos masculinos. Um preconceito e tanto, mesmo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva se posicionando a favor desde 2013 e com a Suprema Corte Americana legalizando o casamento gay em 26 de junho de 2015. Austrália e Nova Zelândia sairam na frente e desde 2010 avançaram nesta área.
Os dados de pesquisas recentes mostram que somente em 26% desses casais que buscam um tratamento para gravidez, um dos membros já tinha filhos, desses, 56% de relacionamentos anteriores (aqui 86% de relacionamentos heterossexuais).
A maioria dos casais homoafetivos femininos parece escolher a concepção de apenas uma parceira (76% dos casos), enquanto 12% desejam concepção compartilhada, onde uma das parceiras doa o óvulo para a outra gestar e 24% desejam ter as duas parceiras envolvidas na gravidez, ou seja, usariam-se óvulos de ambas, para se tentar gravidez em ambas, no mesmo momento ou em momentos diferentes.
Os tratamentos usados podem ser tanto a inseminação intrauterina quanto a fertilização in vitro. As taxas de sucesso dos tratamentos são similares a dos casais heterossexuais, com uma grande vantagem, de muitas vezes o casal homoafetivo não possuir nenhum problema de fertilidade, facilitando o sucesso dos tratamentos. Os dados demonstram, também, uma taxa maior de sucesso quando, no caso de casais femininos, ambas as parceiras se submetem ao tratamento, com taxas que podem chegar até 88% de nascimentos vivos contra 68% quando apenas uma parceira participa.
Em resumo, nos dias de hoje, dias de igualdade comportamental e sexual, o preconceito não pode e não deve mais fazer parte da nossa sociedade. Famílias podem e devem ser construídas utilizando as técnicas de medicina reprodutiva existentes. Preconceito é coisa do passado.
Fonte: Department of Obstetrics and Gynecology, UConn Health, Department of Psychiatry, UConn Health; and The Center for Advanced Reproductive Services, Farmington, Connecticut, USA. Fertility and Sterility, ASRM (American Society for Reproductive Medicine), December 2016.
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes, Médico Especialista em Medicina Reprodutiva, Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

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