Tabagismo afeta Reserva Ovariana

A baixa reserva de óvulos é, hoje, um dos grandes problemas da medicina reprodutiva e essa reserva diminuida ocorre sobretudo quando se posterga a gravidez para depois dos 35 anos. Sabemos que a mulher já nasce com um número fixo e pré-determinado de óvulos e que esse número cai progressivamente durante toda a vida, com uma intensificação após os 35 anos. Por isso, postergar uma gravidez para além dessa idade pode ser sinônimo de problemas.
Os principais marcadores de reserva ovariana são o hormônio anti-mulleriano (uma substância produzida pelos óvulos imaturos) e a contagem dos folículos antrais (óvulos imaturos). É sabido que não só a idade causa uma queda da reserva ovular, mas diversos fatores do nosso dia-a-dia podem influenciar negativamente essa reserva, sobretudo nossos hábitos de vida.
Baseado nisso, pesquisadores da Carolina do Norte, nos EUA, realizaram um estudo para identificar os efeitos do tabagismo e da exposição a outros poluentes gasosos sobre a reserva ovariana. Os dados desta pesquisa foram publicados em setembro de 2016.
Foi encontrada uma relação negativa entre tabagistas e reserva ovariana, mais ainda, quanto maior o consumo de cigarros maior a queda da reserva ovular, em contra-partida foi demonstrado um efeito benéfico na suspenção do hábito de fumar, com uma redução da queda da reserva de óvulos, após a suspenção do tabagismo.
Foi evidenciado também uma queda da reserve ovariana em fumantes passivas, até em baixas exposições, como conviver com um fumante de apenas um cigarro ao dia por período de mais de 6 meses. Além disso, já existem evidências, em outras pesquisas, do risco de diminuição da reserva ovariana já a nível intrauterino em fetos de gestantes que fumaram durante a gravidez.
Essa pesquisa, também, encontrou uma diminuição da reserva de óvulos em mulheres cujas casas tinham lareiras ou fornos que utilizavam a queima de madeira e outros combustíveis para cozinhar e aquecimento, algo mais comum em países temperados, como os EUA.
Portanto, têm-se mais uma pesquisa que demonstra os efeitos nocivos do consumo de tabaco na fertilidade, aqui especificamente a feminina, mas sabemos que espermatozoides são, também, intessamente prejudicados pelo hábito de fumar.
Fumar não combina com nada, muito menos com fertilidade.
Fonte: Fertility and Sterility, ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva), Setembro de 2016.
Texto escrito por Daniel Diógenes, especialista em Medicina Reprodutiva e Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

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