Riscos da Fertilização In Vitro: Gravidez Múltipla

A gravidez de mais de um bebê é o principal risco das técnicas de reprodução assistida e guarda relação direta com o número de embriões transferidos para a cavidade uterina, além de estar relacionada a outros fatores, como a idade da mulher.

A transferência de mais de um embrião é feita com a intenção única de aumentar a chance matemática do sucesso gestacional, mas sabe-se que os fatores associados a esse sucesso são múltiplos e nem todos conhecidos.

As taxas de gravidez múltipla por fertilização in vitro (FIV) variam, em geral, entre 20% e 30%, mas a redução espontânea e precoce a um único saco gestacional acontece em parcela significativa dos casos.

Dessa forma, para casos em que se transferem dois embriões para a cavidade uterina, estima-se gemelaridade em 22% das gestações em curso; quando há transferência de três embriões, esperam-se cerca de 20% de gestações duplas e 5% de triplas.

As gestações duplas, quando há acompanhamento pré-natal adequado e em centros urbanos com boa estrutura hospitalar, podem evoluir de maneira bem satisfatória, como as gestações únicas. As gestações de mais de dois fetos, contudo, estão associadas de forma significativa a perdas gestacionais, grandes limitações maternas, partos complicados, prematuridade e complicações neonatais, entre outros problemas.

A mulher que recebe mais de um embrião deve estar ciente desses aspectos. A única forma de reduzir a incidência de gravidez múltipla em pacientes submetidas a técnicas de reprodução assistida é diminuir o número de embriões transferidos para o útero, principalmente em pacientes jovens.

Embora seja comum perceber entre os casais com dificuldades reprodutivas o desejo da gravidez múltipla, tendemos a alinhar o discurso com base na premissa de que “menos é mais”. Seguindo a tendência de limitar o número de embriões transferidos, com objetivo de equacionar segurança e bons resultados dos tratamentos, o Conselho Federal de Medicina, em conjunto com as sociedades médicas de especialidades relacionadas, determinou, ao final de 2010, as quantidades máximas de embriões a serem transferidos de acordo com a faixa etária da mulher.

Com a Resolução 1957/2010, mulheres com idade até 35 anos passam a receber, no máximo, dois embriões por ciclo, enquanto mulheres com 36 a 39 anos, três embriões, e aquelas com 40 ou mais anos, quatro.

Nos casos em que são produzidos embriões sobressalentes, o congelamento é a opção disponível.

Por fim, é importante que se propague a consciência de que a gestação múltipla concorre mais frequentemente para complicações pré-natais, perinatais e pós-natais do que para o curso saudável. A orientação ao casal que busca tratamento deve contemplar esse aspecto. Embora seja notória a comoção causada pela graça dos bebês gêmeos, é preciso atinar para os riscos!

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