Resistência Insulínica – Ameaça silenciosa

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A resistência insulínica (RI) é a primeira alteração detectável do metabolismo dos carboidratos (açucares). É o primeiro estágio rumo ao desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2 e está intimamente ligada à síndrome dos ovários policísticos (SOP) e à infertilidade feminina.
Há muito se sabe que a SOP não é apenas uma alteração ovariana, trata-se de uma condição endócrina complexa que envolve alterações ovulatórias e metabólicas, sendo a principal causa de infertilidade de origem endocrinológica. Sabe-se que quando a RI está presente na mulher com ovários policísticos, as dificuldades ovulatórias são maiores e o risco de apresentar infertilidade aumenta. Quem tem SOP ovula menos e em pior qualidade e quando apresenta RI associada, a capacidade ovulatória tende a ser, ainda, pior.
Logicamente, a resistência insulínica não ocorre somente em mulheres com ovários micropolicísticos. Está, também, muito ligada ao sobrepeso, à obesidade, ao sedentarismo e a uma dieta rica em carboidratos. Todos esses fatores, também, diminuem a fertilidade.
Baseado nesses dados, pesquisadores australianos, fizeram uma pesquisa para avaliar as relações entre resistência insulínica e ovários policísticos e publicaram seus resultados em 2013, na Human Reproduction (jornal da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia).
A incidência de resistência insulínica foi de 75% nas mulheres magras com SOP e de absurdos 95% das mulheres com SOP e sobrepeso. No grupo de mulheres magras e com sobrepeso, as que tinham ovários policísticos tiveram mais resistência insulínica que as que não tinham alterações ovarianas, evidenciando o fator de risco SOP para o desenvolvimento da RI, ou o fator de risco RI para o desenvolvimento de SOP (não se sabe ainda qual seria causa-consequência um do outro).
Quanto menor o índice de massa corporal (IMC) menor a incidência de resistência à insulina, seja em mulheres com síndrome dos ovários policísticos ou não.
Em resumo, a RI está diretamente ligada ao excesso de peso, sobretudo nas mulheres com SOP e estas duas alterações estão, intimamente, ligadas ao desenvolvimento de diabetes gestacional e diabetes tipo 2.
Priorizar mudanças no estilo de vida, o que inclui a prática de atividades físicas e uma alimentação saudável com uma baixa ingestão de carboidratos, é fundamental para prevenir os problemas metabólicos ligados à resistência à insulina e para diminuir as taxas de infertilidade, sobretudo nas pacientes com síndrome dos ovários policísticos.
O risco metabólico é enorme e as consequências devastadores, em anos de vida precoces, para essas mulheres, além do imenso potencial de desenvolvimento de um quadro extremamente difícil de infertilidade.

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