Qualidade Embrionária e Receptividade Endometrial

IcebergQ1

Por que não engravidamos? Esta é uma das dúvidas mais comuns dos casais que realizam uma fertilização in vitro e não conseguem um resultado positivo. É difícil entender como um embrião aparentemente perfeito não conseguiu se implantar em um endométrio ultrassonograficamente perfeito. O grande mistério está justamente ai. Na verdade, a medicina reprodutiva não é capaz de explicar, a luz dos conhecimentos atuais, o porquê de tanta dificuldade nesta interação.

Alguns pontos podem ser analisados.

Em primeiro lugar, a avaliação do embrião e sua classificação em termos de forma e número de células não é capaz de avaliar geneticamente o mesmo, assim um embrião morfologicamente perfeito pode ter alterações genéticas que tornam impossível sua implantação no endométrio e portanto uma gravidez.

Avaliar geneticamente um embrião é, hoje, possível, através do PGD (diagnóstico genético pré-implantacional). Esta técnica consiste na retirada de uma célula do embrião e realizar a análise do material genético, entretanto, não há consenso para se usar esta técnica em todos os casos, visto que não se sabe os efeitos negativos que a mesma poderia provocar em embriões geneticamente perfeitos. Assim, hoje, deve-se realizar o PGD em casos específicos, como no de casais que apresentam alterações genéticas, com o intuito de não transmitir aos filhos as mesmas alterações. Quando se realiza o PGD, podemos constatar que muitos dos embriões morfologicamente normais, apresentam alterações genéticas incompatíveis com a vida, infelizmente.

Quanto à análise endometrial, as dificuldades são enormes também. É, ainda, impossível saber se o endométrio perfeito ao ultrassom, com espessura e forma considerada ideais, apresenta, realmente, condições ideais de receptividade ao embrião. A interação do endométrio com o embrião é uma área, ainda, bastante desconhecida, pois diversos fatores estão envolvidos nesta conexão e a medicina reprodutiva ainda está longe de decifrar todos esses segredos.

Em resumo, muitas perguntas, muitos mistérios ainda não foram decifrados. A medicina reprodutiva é uma ciência, ainda, jovem. O primeiro bebê de proveta nasceu apenas em 1978, há muito pouco tempo e apesar dos avanços fantásticos nas última décadas, ainda estamos longe, muito longe, de atingir a perfeição, ou melhor, a quase perfeição, por que será muito difícil atingir o número mágico, os 100%.

PS: Este texto é dedicado a todas as minhas pacientes que tentaram e vêm tentando engravidar e que ainda não atingiram a tão desejada gravidez. Escrevo para vocês, com o intuito de tentar com que seja mais fácil compreender o porquê de tantas dificuldades, mas uma coisa é certa, quanto mais tentarmos, mais chances teremos de encontrar o momento certo de transferir o embrião geneticamente perfeito para o endométrio com receptividade ideal.

Trata-se, portanto, de um método que apesar de todos os avanços é, ainda, um método de tentativas, assim como tentar uma gravidez naturalmente, também, é.

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