Primeira Gravidez após Transplante Uterino – Marco Histórico

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Em fevereiro deste ano, o grupo de pesquisadores responsável por este transplante e agora por esta gravidez, havia publicado os resultados preliminares desta façanha, no jornal (Fertility and Sterility) da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e agora o mundo é contemplado com essa maravilhosa notícia.
A primeira tentativa de transplante uterino foi realizada em 2000, entretanto após 99 dias, o útero transplantado teve que ser removido por problemas de rejeição.
Com o avanço das técnicas de transplante e dos tratamentos de fertilidade, o transplante uterino surge como uma excelente opção para preservação da fertilidade em pacientes com problemas uterinos, como: ausência congênita de útero (nascimento sem útero), sinéquias uterinas (patologia já exposta aqui neste blog), miomatose uterina, adenomiose (também já exposto neste blog), cânceres uterinos (endométrio, colo de útero) e outras alterações que possam levar à perda cirúrgica uterina.
Este transplante, que resultou nesta primeira gravidez, foi realizado no Hospital Universitário de Akdeniz, na Turquia, em agosto de 2011, em uma mulher de 21 anos (vide foto acima), com ausência congênita de útero, uma doença chamada de Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser. Nesta patologia, não há também a parte superior da vagina, que nesta paciente havia sido reconstruída dois anos antes utilizando partes de intestino delgado. Nesta patologia os ovários existem e são normais.
A doadora foi uma jovem de 22 que teve morte cerebral após um acidente automobilístico.
O tempo total do transplante, desde a retirada do útero da doadora, foi de oito horas, um tempo não considerado excessivo.
Após 20 dias, ocorreu a primeira menstruação. Os pesquisadores julgaram prudente esperar um ano, para se tentar a gravidez, pois a chance de rejeição após esse período seria menor, além da necessidade de usar menos drogas imunossupressoras (medicações que interferem no sistema imunológico para diminuir o risco de rejeição) que poderiam ter efeitos negativos na gravidez e no feto.
Sabe-se que esta é uma gravidez de risco e problemas poderão acontecer com maior frequencia que em uma gravidez comum. Existem mais riscos de abortamento, trabalho de parto antes do tempo, pré-eclâmpsia (pressão alta na gravidez), restrição de crescimento intrauterino e baixo peso ao nascer, entretanto apesar do uso das drogas imunossupressoras, não parece haver maior risco de malformações (logicamente as drogas precisam ser corretamente escolhidas para seu uso na gravidez e as doses devem ser mínimas). O risco de rejeição existe, mesmo na gravidez.
A paciente foi submetida a duas fertilizações in vitro, antes do transplante, a fim de se evitar que os embriões sofressem efeitos negativos do uso das medicações imunossupressoras. Assim, foram congelados oito embriões para posterior transferência embrionária, essa gravidez ocorreu após a transferência de um desses embriões, após o seu descongelamento.
Os riscos de falha eram altos, a possibilidade de rejeição ainda existe, o desafio de se atingir a gravidez foi parcialmente vencido, esperemos e torçamos para que essa gravidez evolua até o seu fim sem grandes problemas.
Foi dado um grande passo, mas o maior ainda está por vir!!!

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