Por que os homens têm cada vez menos espermatozoides? 

sptz 2018

Ano após ano, a taxa de natalidade (nascimentos) cai em quase todos os países do mundo, inclusive no Brasil. É um consenso geral que essa queda seja por diversos fatores, tais como a popularização dos contraceptivos ou mesmo a correria do dia a dia. Entretanto, surpreendentemente, alguns cientistas afirmam que a poluição do ar pode ter uma participação muito importante nestes acontecimentos.

Pesquisas mostram que hoje, no mundo, existem mais de 50 milhões de casais tentando engravidar. Cientistas já sabiam que fatores ambientais, como pesticidas, poderiam prejudicar a fertilidade masculina. Um novo estudo, porém, buscou entender o tamanho do impacto dos poluentes do ar ambiental nos espermatozoides.

Os espermatozoides possuem cabeça, peça intermediária e cauda. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) os espermatozoides morfologicamente normais devem conter, de uma forma geral, cabeça com formato oval, superfície regular, peça intermediária e cauda sem alterações, dentre outras características. A morfologia dos espermatozoides é um parâmetro de grande importância, pois, pesquisas demostraram que há uma relação significante entre a morfologia dos espermatozoides e a infertilidade masculina.

Os homens que vivem em áreas com maior poluição do ar são mais propensos a ter um maior percentual de espermatozoides com formato anormal. Pesquisadores analisaram a qualidade dos espermatozoides em amostras de mais de 6.500 homens entre 15 e 49 anos. Estes dados foram cruzados com dados de imagem de satélite para determinar os níveis de poluição do ar com partículas finas (exposição a partículas com menos de 2,5 micrômetros, a milésima parte de um milímetro) em torno das casas. Nesse estudo foi relatado que há uma grande associação entre a exposição à poluição atmosférica e o baixo percentual de espermatozoides morfologicamente normais em homens em idade reprodutiva. Além disso outro estudo mostra que a cada cinco gramas de partículas por metro cúbico de ar está associado a redução de 1% na concentração espermatozoides saudáveis.

Além desses dados alarmantes, estudos paralelos mostraram que havendo apenas 5 microgramas a mais de partículas finas por metro cúbico ao longo de 2 anos em torno da casa de um homem, há um risco aumentado de 26% de ele estar com menos de 10% dos seus espermatozoides com morfologia normais.

Ainda de acordo comum relatório divulgado em maio de 2017 pela OMS, mais de 80% da população urbana em todo o mundo está exposta à poluição do ar.

Após a análises de diversos dados o professor Allan Pacey, pesquisador de andrologia da Universidade de Sheffield, conclui que a poluição do ar provavelmente tem o potencial de influenciar negativamente a saúde reprodutiva masculina. Este será um grande desafio que enfrentaremos progressivamente nos próximos anos.

Texto adaptado por Franciele Osmarini Lunardi, Bióloga, possui Pós-doutorado em Farmacologia pela Faculdade de Medicina no Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal do Ceará, Doutora em Reprodução e Embriologista da clínica de reprodução humana assistida Fertibaby Ceará. Baseado no artigo “Air pollution linked to poorer sperm quality” publicado na revista      ”IVF.NET For In Vitro Fertilization Professionals” em dezembro de 2017.

 

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