PGD: Uma escolha inteligente, uma criança saudável!

Os esforços para compreender os genes e a expressão gênica foram dificultados pela dimensão e pela complexidade do DNA humano. O genoma humano contém aproximadamente 3 bilhões de pares de bases com 20.000 a 30.000 genes codificadores de proteínas, localizados em 23 pares de cromossomos.

Hoje todo o genoma humano já foi determinado. O Projeto Genoma Humano se tornou possível por meio de várias técnicas e tem contribuído para a compreensão e tratamento de doenças genéticas.

Variações no genoma humano são diferenças na sequência de DNA entre indivíduos. Tem sido calculado que os genomas de pessoas que não sejam parentes diferem em cerca de 1 a cada 1.200 pares de bases de DNA, ou cerca de 1% do genoma. Essas variações incluem tanto polimorfismos quanto mutações. O termo mutação refere-se a uma variação pouco frequente no genoma, mas potencialmente danosa, associada a uma determinada doença humana. Um polimorfismo, por sua vez, é uma variação do DNA sem danos clínicos, que não afeta o fenótipo.

Famílias com histórico de doenças genéticas graves, com crianças já afetadas ou com parentes próximos afetados podem desejar determinar a presença do distúrbio genético em um embrião produzido in vitro em desenvolvimento, mesmo antes de ele ser transferido e implantado no útero materno. Essa é uma técnica conhecida como Diagnóstico Genético Pré-implantacional – PGD (Pre-Implantation Genetic Diagnosis).

Desde 1990 embriões de casais com alto risco de doença genética ligada ao sexo (correlacionadas aos cromossomos “X” ou “Y”) têm sido avaliados, resultando nascimentos de crianças saudáveis.

Em 1992 um grupo de pesquisadores utilizou uma metodologia considerada mais segura para análises de embriões, a chamada Hibridização in situ por Sonda Fluorescente – FISH (fluorescence in situ hybridization), técnica que vem sendo utilizada e aprimorada até os dias atuais. A hibridização é o pareamento de moléculas de ácidos nucléicos (que constituem o DNA) do embrião com sequências complementares conhecidas de DNA ou de RNA, que podem ser sintéticas (feitas sob medida no laboratório). Em outras palavras consiste em um método para localizar ou detectar sequências específicas de ácidos nucleicos em um blastômero (uma célula do embrião) possibilitando a identificação de várias doenças decorrentes de infecções virais, alterações de expressão ou mutação gênica, incluindo vários tipos de cânceres.

A técnica de FISH pode ser utilizada como ferramenta de PGD para a determinação de doenças monogênicas ligadas ao X, aneuploidias, translocações, fibrose cística; beta-talassemia; anemia falciforme; atrofia muscular espinal; hiperplasia adrenal congênita; autossômica dominante; distrofia miotônica; doença de Huntington; síndrome de Marfan; atrofia fibular muscular; síndrome de Duchenne, hemofilia; síndrome do X frágil; síndrome Wiskott-Aldrich, síndrome de Lesch-Nyhan, imunodeficiência combinada grave,  dentre outras. Essa técnica, FISH, é 100% eficiente na detecção de embriões com problemas genéticos exceto para aqueles que apresentam mosaicismo, multinucleação ou são anucleados.

Os cromossomos X, Y, 13, 16, 18, 21 e 22 são avaliados pela maioria dos laboratórios que realizam testes genéticos, por serem alterações nestes cromossomos associadas com maior frequência em abortos espontâneos. Porém, atualmente, evidências mostram que aneuploidias para outros cromossomos também são relativamente comuns, fazendo com que a análise seja estendida para os cromossomos 13 e 15. O emprego de ferramentas de biotecnologia no planejamento da concepção do ser humano permite que a escolha do embrião produzido in vitro para a transferência uterina seja feita de maneira seletiva e inteligente. O resultado é de crianças saudáveis geradas livres de doenças genéticas. O PGD é uma ferramenta poderosa que pode aumentar as chances de uma gravidez saudável. 

Texto baseado no livro “Biologia Celular, bases moleculares e metodologia de pesquisa” publicado pela editora GEN, Grupo Editorial Nacional.

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