Os Avanços da Bioengenharia na Medicina Reprodutiva

O maior problema da fertilidade humana é sem dúvida alguma o nosso envelhecimento. O avançar da idade provoca uma queda irreversível da fertilidade, tanto da masculina e sobretudo da feminina. A idade avançada é o calcanhar de Aquiles da medicina reprodutiva. Ao envelhecermos perdemos muito de nossa fertilidade, somos férteis até 35-40 anos, após isso perdemos muito ou tudo de nossa capacidade reprodutiva. A busca por uma solução é necessária e está sendo constantemente pesquisada. A grande questão é se um dia acharemos uma solução. Será que um dia conseguiremos driblar nossa natureza? Será que encontraremos uma forma de sermos férteis em idades avançadas para óvulos e espermatozoides?
Existem no mundo diversas linhas de pesquisa em busca de uma solução. Tudo se fundamenta em obter novas células germinativas (óvulos e espermatozoides) jovens e, portanto, novos, a partir de células primordiais, ou seja, de células-tronco (células com alta capacidade de diferenciação), que seriam capazes de se transformar em um óvulo ou um espermatozoide novos e consequentemente com excelente capacidade fértil.
Já é possível gerar gametas (óvulos e espermatozoides) in vitro. Inclusive já foi obtida prole em camundongos, a partir de células-tronco. Existem pesquisas que já conseguiram, in vitro, gerar óvulos a partir de células tronco masculinas e espermatozoides a partir de células tronco femininas, muito embora esta técnica seja de difícil execução e ainda não exista prole humana viva, a partir de gametas in vitro. No futuro, isso deverá ser algo rotineiro.
Uma outra linha de pesquisa se baseia na busca e isolamento de células tronco ovarianas, quebrando o paradigma de que o ovário seria fonte uma fonte limitada de óvulos. O conceito atual ainda aceito é que cada ovário apresenta uma quantidade limitada de óvulos desde a vida intrauterina e que esse número só diminui ao longa da vida até a menopausa (ausência de óvulos). Porém, parecem existir a nível ováriano, células primordiais que se corretamente ativadas e estimuladas seriam capazes de gerar novos e jovens óvulos. Falta descobrir que estímulo seria esse.
Outro avanço possível seria o uso da clonagem desses células primordiais, assim seria possível obter células tronco embrionárias pluripotentes potencialmente capazes de produzir qualquer tecido em laboratório, o que permitiria o tratamento não só da infertilidade ligada à idade, mas também o tratamento de doenças degenerativas (como, mal de Parkison e Alzheimer) e cânceres, além de permitir a regeneração de tecidos e orgãos, sem o risco de rejeição imunológica, já que o material genético seria o do próprio beneficiário da técnica.
Os recentes avanços nas áreas da biologia de células tronco, da bioengenharia de tecidos e da clonagem terapêutica têm propiciado mudanças que certamente quebrarão paradigmas científicos no futuro. Esperamos que seja num futuro próximo.
Fonte: Palestras e discussões realizadas no 20° Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida, realizado de 14 a 17 de Setembro de 2016, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Texto escrito pela Dra. Lilian Serio. Especialista em Medicina Reprodutiva e Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

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