O Futuro da Medicina Reprodutiva

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Com estaremos daqui há 20 anos? Como funcionarão as técnicas de medicina reprodutiva em duas décadas? Uma observação dos recentes desenvolvimentos e mudanças sociais da nossa sociedade, nos faz acreditar que num futuro próximo, a medicina reprodutiva tratará mais casais férteis que inférteis.

O congelamento de óvulos foi introduzido no mundo da reprodução assistida com um enorme sucesso. Mulheres de diferentes idades vêm apredendo que a preservação da fertilidade é o único caminho para parar o relógio biológico que se move contra a qualidade dos óvulos. Um número cada vez maior de mulheres vêm congelando seus óvulos por razões sociais (trabalho e estudo, por exemplo). Embora, ainda hoje, a idade de congelamento seja considerada tardia (média de 36 a 40 anos), as taxas de sucesso são boas e as pacientes vêm aprendendo que o ideal é congelar em idades mais precoces, por volta dos 30 a 35 anos.

O interesse em congelar óvulos vem aumentando após empresas famosas (como Apple e Facebook) oferecerem a suas funcionárias esse benefício incrível. Está sendo criada uma nova e importante consciência.

Ainda faltam dados absolutos e concretos a respeito do número de óvulos ideal a serem congelados para garantir uma futura gravidez, hoje acha-se que entre 8 e 10 bons óvulos de mulheres abaixo de 36 anos seria um número considerado ideal.

Assim, em breve, ter-se-á um número elevado de mulheres com óvulos congelados em idades precoces e que retornará às clínicas de reprodução assistida por volta dos 40 a 50 anos para formar seus embriões, uma mudança em tanto, visto que estaremos “tratando” mulheres férteis, que optaram por postergar sua gravidez.

Um outro ponto de vista de como estaremos no futuro, diz respeito à avaliação genética, fato que irá mudar o comportamento humano.

As análises genéticas permitirão uma visão pré-concepcional nunca antes vista, doenças poderão, em larga escala, ser previstas e evitadas. Isto fará com que muitos casais sem problemas de fertilidade busquem o auxílio da genética e da medicina reprodutiva antes mesmo de iniciar suas tentativas de concepção.

Teste genéticos no casal e nos embriões poderão ser utilizados e isso mudará completamente a forma como vimos hoje a reprodução humana, seja natural ou em tratamentos de reprodução assistida.

O aconselhamento genético e a busca por genes “defeituosos” será uma rotina na avaliação pré-concepção. A busca pela gravidez perfeita e pelo embrião perfeito será o objetivo. Evitar a transmissão de problemas e doenças aos filhos é o desejo de todos nós. Entretanto, uma pergunta fica no ar. Até que ponto podemos ou devemos interferer em nossa natureza reprodutiva? Até onde podemos intervir no processo de seleção natural?

Uma certeza existe, iremos intervir, mas precisamos definir, aprender e encontrar nossos limites.

Fonte: Texto baseado numa reflexão feita pelo IVI (Instituto Valenciano de Infertilidade), publicada na revista da ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva) – Fertility and Sterility, em Janeiro de 2016.

Escrito por Daniel Diógenes – Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará

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