O fator endometrial na implantação embrionária

celula tronco embrionaria

Desde 1978, quando nasceu o primeiro bebê de proveta do mundo, muito tem sido investido no desenvolvimento das técnicas de reprodução assistida, sempre visando a melhoria dos resultados. Entretanto, apesar dos constantes avanços, as taxas de implantação embrionária no endométrio (útero) ainda estão longe de ser as ideais.
A implantação do embrião representa o passo mais crítico do processo reprodutivo, trata-se de uma sequência bem orquestrada de eventos amplamente coordenados que leva ao estabelecimento da gravidez.
Para que a implantação seja bem sucedida o embrião deve chegar na hora certa ao endométrio e este precisa estar totalmente receptivo.
O endométrio sofre mudanças durante todo o ciclo menstrual e apresenta somente um curto período de plena receptividade, conhecido como “janela de implantação”.
O fracasso da implantação continua a ser um problema sem solução na medicina reprodutiva, tanto é que cerca de 30% dos embriões não atingem uma implantação completa. Nessas falhas de implantação, a receptividade uterina é responsável por aproximadamente dois terços dos casos, enquanto que o embrião em si é responsável por apenas um terço destas falhas.
Os hormônios ovarianos, estrógeno e progesterona, são os moduladores dominantes do desenvolvimento endometrial, portanto o perfeito equilíbrio e a coordenação entre esses dois hormônios é fundamental para se atingir a maturidade endometrial e portanto a adequada receptividade do mesmo.
Hoje, diversos estudos têm demonstrado que os níveis elevados dos hormônios ovarianos (sobretudo a progesterona), durante os ciclos de reprodução assistida (inseminação intrauterina e sobretudo fertilização in vitro), atingidos devido ao uso das medicações hormonais indutoras da ovulação, são responsáveis pela diminuição da receptividade endometrial e portanto das taxas de implantação embrionária e de gravidez.
O excesso hormonal parece levar a uma aceleração do desenvolvimento endometrial o que provocaria uma assincronia entre embrião e endométrio, em outras palavras, o embrião perderia o momento certo de implantação: a janela de implantação.
Assim, a opção de criopreservamento embrionário durante uma fertilização in vitro poderia evitar a transferência de embriões para um endométrio com baixa capacidade de recepção.  A fertilização in vitro seria portanto dividida em duas etapas: a de coleta dos óvulos e a de transferência embrionária num segundo tempo, cerca de dois meses após a fase inicial, onde o endométrio não se encontraria sobre a forte influência hormonal.
Portanto, muito embora, a qualidade embrionária seja determinante, o endométrio, por meio de um temporário e coordenado mecanismo de receptividade de suas células com o embrião, tem uma participação inquestionável para o sucesso da gravidez.
A receptividade endometrial parece ser o maior fator limitante no estabelecimento da gestação.

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