Os miomas são os tumores benignos mais comuns dos orgãos reprodutivos femininos e têm profundo impacto na qualidade de vida das mulheres em idade fértil. Aproximadamente 30% da mulheres com miomas precisarão se submeter a algum tipo de tratamento, devido a seus sintomas: sangramento menstrual excessivo, dor pélvica e infertilidade. Os tratamentos definitivos são cirúrgicos, como: a histerectomia, a miomectomia, que pode ser por laparoscopia e a histeroscopia.
Além disso, existem a embolização de miomas e o uso de ondas de ultrassom de alta frequência que são eficazes em muitos casos, mas após os quais as chances de haver a necessidade de uma nova intervenção são altas (cerca de 15% e 30%) e ainda existem muitas dúvidas no que se refere a manutenção da fertilidade após estes procedimentos.
Novas drogas, como os SPRMs (Moduladores Seletivos dos Receptores da Progesterona) parecem ter um bom impacto no crescimento dos miomas. Antigamente, achava-se que somente o estrógeno era a substância principal responsável pelo crescimento e avanço dos miomas, hoje, já foi demonstrado que a progesterona provoca, também, o crescimento destes tumores, ou seja, a progesterona virou deixou de ser a “mocinha” e é, hoje, considerada “vilã”, assim como o estrógeno. Portanto, os SPRMs, como o Ulipristal e o Mifepristone, parecem ser a melhor opção futura de tratamento medicamentoso. Essa nova classe de medicações já é usada no exterior, mas ainda não tem seu uso liberado no Brasil, muito embora não seja mais considerada mais de uso experimental.
É claro que alternativas aos procedimentos cirúrgicos são necessários, sobretudo se há o desejo de preservação da fertilidade. O excesso de procedimentos cirúrgicos pode comprometer a anatomia uterina e dificultar uma gravidez futura, portanto drogas como os SPRMs podem ser utilizadas para evitar cirurgias, pois essas medicações conseguem, em geral, reduzir o tamanho dos miomas e podem reduzir a indicação de miomectomia em até 40%. Além disso, as taxas de reccorrência dos miomas em pacientes jovens chegam a 60% nos primeiros 5 anos após a cirurgia de retiradas dos miomas (miomectomia).
A melhor abordagem deve sempre levar em consideração a idade da mulher e seu desejo reprodutivo presente e futuro.
A mensagem é clara: é tempo de repensar e redefinir as reais indicações de miomectomia em pacientes inférteis ou que desejam preservar sua fertilidade.
Fonte: Société de Recherche pour I’Infertilité, Bruxelas, Bélgica. Fertility and Sterility, ASRM, Fevereiro de 2017.
Texto escrito por Daniel Diógenes, Médico Especialista em Medicina Reprodutiva, Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.