Influência do aumento do IMC sobre o semên e hormônios masculinos

Nas últimas décadas, os orgãos de saúde mundiais, como o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC), vêm alertando sobre a epidemia de obesidade que está se espalhando em todo o mundo. Os indivíduos obesos e com sobrepeso compõem mais de dois terços da população adulta americana. Essa epidemia tem levado a um aumento das taxas de comorbidade secundárias, a alterações metabólicas e anatômicas. Doenças que se correlacionam com obesidade incluem: diabetes mellitus, hipertensão, hiperlipidemia, apnéia do sono e contribuem coletivamente para a diagnóstico da síndrome pluri-metabólica.
A obesidade associada a essas comorbidades está fortemente ligada ao aumento da mortalidade e à redução da expectativa de vida. As alterações metabólicas da obesidade, também, podem afetar a fertilidade, alterando assim a fecundidade de grande parte da população, como evidenciado pelas estatísticas mais atuais. Nas mulheres, a obesidade está claramente ligada à subfertilidade, manifestada por distúrbios ovulatórios e outras patologias que levam à infertilidade.
Embora as alterações nos hormônios reprodutivos masculinos, que ocorrem com o aumento da adiposidade tenham sido evidentes, os efeitos sobre o número e qualidade dos espermatozoides permanecem obscuros. Uma compreensão da relação entre obesidade e fertilidade masculina permitirá um melhor aconselhamento de homens que desejam uma gravidez.
Um artigo recente publicado na Fertility and Sterility®, a revista oficial da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), avaliou a influência do incremento de peso nas alterações hormonais e nos parâmetros do sêmen de homens subférteis. Para isso, foram avaliados estudos de coorte com mais de 4000 homens, evidenciando correlações entre obesidade, alterações hormonais e o agravamento dos parâmetros seminais. A concentração anormal de espermatozoides, incluindo azoospermia (ausência de espermatozoides) e oligospermia (diminuição do número de espermatozoides), foi mais frequentemente encontrada em homens obesos e ainda mais pronunciada em subclasses crescentes da obesidade.
Diversos estudos se mostraram contraditórios quanto a existência dessa relação, no entanto foram observados declínios variáveis em determinados parâmetros do sêmen, como: volume do ejaculado, concentração de esperma, motilidade e morfologia. Essas discrepâncias, talvez se devem a variação das populações estudadas.
As taxas globais de obesidade variam consideravelmente entre os países. As populações européias e asiáticas, que constituem a maior parte das pesquisas relatadas, tendem a ter obesidade em menores taxas que o Estados Unidos. Esta discrepância tem contribuído para que os estudos publicados estabeleçam correlações subestimadas entre a adiposidade masculina e a fecundidade.
Os dados observaram, também, uma diminuição do volume do ejaculado, concentração de esperma, motilidade e contagem total de espermatozoides em indivíduos extremamente obesos (IMC > 40).
Em uma pesquisa que reuniu outros 21 estudos, totalizando mais de 13 mil homens, foi demonstrado riscos crescentes de oligoospermia ou azoospermia em homens com sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida, além de demonstrar uma diminuição da testosterona e um aumento do estradiol (hormônio feminino) à medida que o peso corporal aumenta.
Uma crítica aos trabalhos que analisam a relação entre obesidade e alterações seminais, seria a análise usando apenas o IMC (índice de massa corporal) como parâmetro para obesidade. Então seria interessante que se realizassem novas pesquisas multicêntricas procurando esclarecer melhor a complexa relação entre IMC, outras medidas de obesidade, saúde, estilo de vida e seus efeitos finais sobre a fertilidade masculina.
Em resumo, o aumento do peso corporal em homens, medido pelo IMC, provoca uma diminuição dos níveis de testosterona e um aumento dos níveis de estradiol, além disso, diminui todos os parâmetros seminais (volume, concentração, motilidade, contagem total e morfologia).
A dica é comer menos e suar mais.
Fonte: ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva), Novembro de 2016.
Texto escrito pelo Dr. Roberto Didier, Médico Especialista em Medicina Reprodutiva da Clínica Fertibaby Ceará, em Sobral.

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