Hanseníase: doença acomete principalmente pessoas em idade fértil e pode causar problemas na gravidez e até infertilidade

hanseníase

Durante todo o mês de janeiro, governo, Ministério da Saúde, secretarias, associações médicas e diversas organizações da sociedade civil do Brasil estão voltadas para a campanha do Janeiro Roxo. A ação promove o combate à hanseníase, doença popularmente conhecida como lepra, que mesmo sendo uma das doenças mais antigas da história da humanidade, ainda não foi erradicada e é um problema de saúde pública no Brasil e em países do Sul da Ásia, África e América Latina.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com a maior incidência da doença, ficando atrás somente da Índia. Até 2016, foram registrados mais de 30 mil casos por ano. Condições precárias de saneamento, formação de conglomerados populacionais e demora para chegar ao diagnóstico explicam a propagação da enfermidade.

O que é a Hanseníase?

A hanseníase é uma doença infecciosa e crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, que apresenta sintomas dermatológicos e neurológicos, lesionando os nervos periféricos e diminuindo a sensibilidade da pele. É caracterizada por manchas esbranquiçadas em áreas do corpo como mãos, pés e olhos, podendo afetar também o rosto, as orelhas, nariz, nádegas, braços, pernas, costas e até os rins e órgãos do sistema reprodutivo masculino.

Em casos graves, as alterações neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem causar deformidades, inchaços generalizados, erupções cutâneas, dormência, dor e espessamento dos nervos, alterações na secreção do suor, causando a perda da capacidade de transpiração e, consequentemente, o ressecamento da pele. Além disso, reduz a força muscular, dificultando ao paciente segurar objetos, causando paralisia e até a alteração na musculatura esquelética, que ocorre principalmente nas mãos.

A hanseníase tem cura, porém exige tratamento prolongado e diagnóstico precoce para não desencadear os problemas mais graves ao paciente e a transmissão para indivíduos de convívio próximo.

Implicações na saúde reprodutiva dos pacientes

Acometendo principalmente pessoas jovens em idade reprodutiva, a hanseníase também pode causar impotência e infertilidade. Nos homens, a infecção pode se infiltrar no testículo e levar à insuficiência testicular, reduzindo a quantidade de espermatozoides produzidos pelos testículos e a quantidade de testosterona. Nas mulheres, são necessários cuidados no campo da anticoncepção, uma vez que a gestação e a lactação podem agravar o quadro clínico de mulheres e representar riscos para elas e para o bebê.

Muitas mulheres não sabem que, ao engravidarem, se não estiverem totalmente curadas, podem correr o risco de enfrentarem um parto prematuro e o nascimento de uma criança de baixo peso.

A gravidez da paciente com hanseníase é bem mais delicada, pois trata-se de uma infecção num momento de baixa imunidade, que é a gestação, podendo, assim, abrir portas para outras enfermidades, aumentar a probabilidade de a doença evoluir para estágios mais avançados, afetando órgãos nobres, como rins, baço e fígado e até ameaçar a vida da mãe e da criança. O ideal seria que a mulher só engravidasse após haver a cura total da doença.

Caso haja gravidez durante o tratamento, a mulher deve informar imediatamente ao médico, já que alguns medicamentos usados para tratar a doença não devem ser tomados por gestantes, pois podem provocar malformações no bebê. De toda forma, a recomendação é que o tratamento não seja suspendido e sim sejam analisados métodos alternativos. A assistência de um obstetra e de um dermatologista durante toda a gestação é fundamental.

Fica o alerta para uma doença antiga, que tem cura, que muitos nem lembram que existe, mas que faz parte, ainda, da realidade brasileira.

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil – Janeiro Roxo. Janeiro de 2018.

Texto escrito pela Dra. Lilian Serio, Médica Especialista em Medicina Reprodutiva e Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

 

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