O Papel da Cirurgia Reconstrutiva Tubária na Era das Tecnologias de Reprodução Assistida

O acometimento tubário atinge até 1/3 dos casais que procuram os consultórios de infertilidade em todo o país. A redução da fecundidade se deve ao comprometimento do transporte do espermatozoide ao óvulo e do embrião à cavidade uterina para a sua implantação, devido a danos às fímbrias e a aderências pélvicas. As principais causas dessas alterações são cirurgias, infecções pélvicas e endometriose.
Os tratamentos para a infertilidade associada ao dano tubário incluem a cirurgia de recanalização ou de reconstrução da permeabilidade tubária e a Fertilização in Vitro (FIV).
A opção pelo tratamento cirúrgico deve avaliar a presença de outros fatores relacionados à infertilidade, como distúrbios ovulatórios complexos, alterações de sêmen, dentre outros.
A histerossalpingografia é um exame importante na avaliação do fator tubário, sendo a videolaparoscopia com cromotubagem o padrão ouro para este tipo de avaliação.
A comparação das taxas de sucesso obtidas com FIV e reconstrução tubária são bem difíceis, pois as taxas após a cirurgia dependem de tempo, podendo levar até 4 anos de espera para se ter ideia da taxa cumulativa de gravidez.
A cirurgia para reparo tubário, devido a fator intrínseco, resulta em taxas de gravidez modestas e alta taxa de gestação ectópica chegando até 21% de ectópicas. Após a cirurgia, a taxa de fecundabilidade do ciclo varia de 1 a 8%, dependendo da gravidade da doença. Já na reversão dos procedimentos de esterilização eletiva (laqueadura das trompas) as taxas acumuladas de gravidez variam de 40 a 80% e de fecundabilidade de 8 a 10%, com um risco geral de ectópica menor que 10%. Os riscos de gravidez ectópica após cirurgia reconstrutiva (4% a 10%) e FIV (1% a 13%) são comparáveis.
No caso de pacientes com idade mais avançada as taxas de fecundabilidade diminuem em ambos os procedimentos, portanto essas pacientes se beneficiarão mais com a FIV.
A idade materna, o número de crianças desejadas, os fatores de infertilidade coexistentes, os riscos de gravidez ectópica e múltipla e os custos de tratamento são as principais variáveis a serem consideradas ao se aconselhar casais sobre as vantagens e desvantagens relativas da reconstrução cirúrgica tubária e FIV. A FIV é o tratamento de escolha para mulheres mais velhas e com patologia tubária significativa. A Fertilização in vitro é a opção preferencial em mulheres com doença tubária proximal e distal. É importante salientar que os resultados da gravidez após a reversão da esterilização tubária referem-se ao tipo de procedimento de esterilização realizado, ao local da anastomose e ao comprimento da trombose pós-operatória.
Fonte: The role of tubal reconstructive surgery in the era of assisted reproductive technologies -The Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine – Fertility and Sterility, November 2015.
Texto escrito pelo Dr. Roberto Didier, especialista em Medicina Reprodutiva, Médico da Clínica Fertibaby Ceará, Unidade Sobral.

Compartilhe: