Fator Psicológico na Fertilidade: Depressão e Ansiedade podem afetar Saúde Reprodutiva de Homens e Mulheres

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No mês setembro, o tema da depressão e sua relação devastadora com os índices de suicídio, no país, voltam à tona devido à campanha de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, o chamado Setembro Amarelo, realizada desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). Geralmente negligenciada e tratada com preconceito pela maioria da sociedade, a depressão é um problema de saúde pública, responsável pela morte de pelo menos 800 mil pessoas no mundo por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo o suicídio a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, são 32 pessoas mortas pela doença por dia, taxa superior a das vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer.

Por ser envolta em tabus, a depressão acaba sendo um mal silencioso. As pessoas que sofrem com o problema optam por reprimir-se, por medo do preconceito e até mesmo por culpa, o que faz com que a doença acabe tomando proporções e consequências ainda maiores. Mesmo quando não resultam na pior das implicações, o suicídio, a depressão deixa sequelas não somente na saúde emocional e psiquiátrica, mas também na saúde física dos pacientes.

A depressão é capaz de afetar, até mesmo, a saúde reprodutiva. O estresse e a ansiedade ocasionados pela doença levam a uma menor produção de óvulos e espermatozoides e à formação de embriões de qualidade inferior, afetando assim as tentativas naturais e os resultados de induções de ovulação, inseminações intrauterinas e fertilizações in vitro.

Depressão X Fertilidade

Assim como, a ansiedade e a depressão atrapalham a concepção natural, estes fatores também têm efeito negativo sobre os resultados dos tratamentos de reprodução assistida. Dados científicos indicam que as taxas de sucesso de gravidez e nascimentos, em tratamentos de medicina reprodutiva, foram menores em pacientes diagnosticadas com essas patologias, enquanto as que estavam se submetendo a tratamentos com determinados tipos de medicações, como os inibidores seletivos da receptação da serotonina, antes de iniciarem os processos da fertilização in vitro (FIV), não tiveram redução no sucesso do tratamento.

A pesquisa foi feita com 23.557 mulheres que estavam tentando uma FIV pela primeira vez e não tinham filhos, no período de janeiro de 2007 a dezembro de 2012. Portanto, concluiu-se que embora essas patologias tenham um efeito negativo na fertilidade e nos tratamentos de reprodução assistida, com o uso adequado de medicações modernas é possível amenizar e reverter esses efeitos. Terapias alternativas, como a psicoterapia e outras opções, como a acupuntura, o pilates e a atividade física regular serão, sempre, muito bem-vindas como tratamento auxiliar.

Diagnosticar e ter a consciência de que a depressão é uma doença grave e que precisa de tratamento é fundamental para melhorar as chances de gravidez natural ou após tratamentos de medicina reprodutiva.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Conselho Federal de Medicina (CFM). Centro de Valorização da Vida (CVV). Organização Mundial de Saúde (OMS). Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM). Setembro de 2018.

Texto escrito por Daniel Diógenes. Médico Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

 

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