Experiências Reprodutivas de sobreviventes do câncer que armazenaram material reprodutivo antes do tratamento

fertilidade e ca2

Nos dias atuais, armazenar as células reprodutivas (óvulos e espermatozoides), por meio da criopreservação (congelamento) antes de um tratamento para doenças cancerígenas é, sem dúvida alguma, a melhor opção para quem deseja preservar a fertilidade. As mulheres têm, ainda, a opção de congelar o tecido ovariano, que apesar de ser, ainda, considerada uma técnica experimental, vem rendendo bons frutos.

O próprio câncer em si e seus possíveis tratamentos, como a quimioterapia e a radioterapia podem ser devastadores para a fertilidade, pois tem um alto potencial de destruir as células reprodutivas.

Além disso, com os índices cada vez maiores de diagnósticos precoces e sucesso nos tratamentos contra o câncer, mais e mais pessoas jovens, em idade fértil, encontrar-se-ão aptos a constituir uma família após terem superado o câncer.

Quais seriam, então, os atuais resultados e experiências reprodutivas de pessoas que preservaram a fertilidade antes do tratamento do câncer?

Uma pesquisa realizada na Austrália, procurou coletar os dados referentes a ocorrência de gravidez em pessoas após o tratamento do câncer e que haviam criopreservado suas células reprodutivas antes deste tratamento.

Foram entrevistados 302 pessoas (171 mulheres e 131 homens). Desse total, 84% (79% das mulheres e 90% dos homens) tiveram filhos ou estavam grávidas após o fim do tratamento. A maioria das gravidezes após o tratamento do câncer, 58%, ocorreu após concepção natural. Das pessoas que usaram material congelado, 18% das mulheres e 80% dos homens engravidaram. Essa diferença entre homens e mulheres pode se dever a uma idade mais avançada do diagnóstico do câncer nas mulheres, portanto, pode ter relação com a menor reserva ovariana observadas nas idades mais avançadas.

Os dados sobre o futuro reprodutivo, após o tratamento e cura do câncer, ainda, não são tão claros, mas é evidente que a preservação da fertilidade antes dos tratamentos é uma excelente opção para aquelas pessoas que desejam engravidar no futuro.

Preservar a fertilidade antes de tratar o câncer deve ser algo incentivado e orientado pelos médicos oncologistas (especialistas em câncer), ginecologistas e urologistas. O (A) paciente precisa ter acesso às informações sobre esses processos e sobretudo sobre o futuro de sua vida reprodutiva antes de se submeter a uma quimioterapia, radioterapia e/ou a uma cirurgia.

A preservação da fertilidade é fundamental nesses casos e não deve, nem pode ser negligenciada nunca. A informação sempre deve ser dada e é fundamental para que o (a) paciente possa ter o poder de escolher e decidir que caminho seguir.

Fonte: University of Melbourne. Human Reproduction. ESHRE (Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia). Julho de 2018.

Texto escrito pela Dra. Lilian Serio. Médica Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócia-Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

 

 

 

 

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