Escolhendo um embrião com elevado potencial de implantação antes de transferir

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Nas pacientes em que apenas alguns poucos óvulos são recolhidos, as chances de embriões que se desenvolvam até o estágio de blastocisto são menores. Dessa forma é aconselhável que os embriões produzidos sejam transferidos em estágios iniciais de cultivo in vitro, ou seja, entre dois a três dias de cultivo também chamados de D2 e de D3, respectivamente. Dessa foram, critérios de seleção para esses embriões, em estágios iniciais, são extremamente importantes para o sucesso da gravidez. Por exemplo, acredita-se que a seleção de um embrião para a transferência não deve ser baseada exclusivamente no número de células embrionárias, mas também deve depender da avaliação morfológica embrionária de uma forma geral, verificando se esta é compatível com o dia da transferência e se possui outras características específicas. Uma dessas características especifica é a clivagem precoce, ou seja, divisão celular antes de 37 horas após a fertilização. A clivagem precoce é um marcador estabelecido de competência embrionária.

O conhecimento dessa característica pode ser utilizado para selecionar os embriões de boa qualidade e aumentar as chances de gravidez sem precisar correr o risco de estender o cultivo para 5 dias (D5), necessários para a formação do blastocisto.

Para entendermos melhor, a ordem cronológica é a seguinte: Verificação da fertilização (de 16-20 horas após a injeção intracitoplasmática de espermatozoide – ICSI) onde se formam dos dois pronúcleos (feminino e masculino), indicando que eles entraram em singamia, esse é o dia 1 (D1) do embrião. Ainda neste mesmo dia, de 24-37 horas será realizada a checagem do estágio de duas células, que chamamos de clivagem precoce. No dia 2 (D2) do embrião temos a formação de 4 células. No dia 3 (D3) do embrião temos a formação de 6 – 12 células. No dia 4 (D4) do embrião temos a compactação dessas células (aproximadamente 16 células). No dia 5 (D5) do embrião temos a formação do blastocisto (acima de 32 células).

Neste estudo, para estabelecer um sistema de seleção não invasivo de embriões humanos com elevado potencial de implantação antes da transferência, foi avaliada a relação entre o padrão da primeira e da segunda divisão embrionária (clivagens) e o seu subsequente potencial de desenvolvimento in vitro e in vivo.

Neste estudo participaram 164 pacientes, com 791 embriões. De uma forma resumida, esses embriões foram classificados em três tipos (AB e C). Tipo A: quando apresentaram 2 células na primeira divisão, com menos de 10% de fragmentação e 4 células na segunda divisão embrionária, com 10 a 50% fragmentação. Tipo B: quando apresentaram 2 células na primeira divisão com 10 a 50% de fragmentação e número diferente de 4 células (2, 3 ou mais células) na segunda divisão, com 10 a 50% de fragmentação. E, por fim o Tipo C: quando logo na primeira divisão havia um número diferente de 2 células.

Assim foi demostrado que embriões que formam duas células durante a primeira divisão e que formam quatro células durante a segunda divisão independentemente da presença ou ausência de fragmentação (embrião do tipo A) e que ainda completam a segunda divisão (clivagem) entre o intervalo de 25 a 37 horas são embriões que apresentam significativamente mais chances de gravidez para a paciente.

Em conclusão, foi estabelecido um sistema de seleção não invasivo de embriões humanos com elevado potencial de implantação antes de transferir, baseado em padrões iniciais de clivagem. Este sistema foi útil para aumentar o nascimento de bebês à partir de embriões produzidos por fertilização in vitro.

Fonte: Revista Fertility and Sterility, abril de 2016.

Escrito por Franciele Osmarini Lunardi – Doutora em Reprodução / Embriologista da Clínica Fertibaby.

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