Endometrite – Qual o seu Impacto na Fertilidade?

Endometritis Uterine Infection

A endometrite, presença de processo inflamatório no endométrio, secundário à colonização (presença) de bactérias nesta região tem um potencial provavelmente danoso a uma implantação embrionária. Esse processo pode ser agudo e sintomático, ou seja, de curta duração e manifestando-se com dores pélvicas e sangramentos uterinos anormais ou crônico, quando há uma colonização endometrial por longos períodos, um quadro, geralmente, assintomático. Ambas as manifestações são danosas ao endométrio e à sua função, podendo contribuir para um quadro de infertilidade.

A endometrite aguda é mais facilmente identifica e, portanto, mais rapidamente tratada, afetando menos a fertilidade. O grande problema é se identificar os processos crônicos, de longa duração, pois sendo assintomáticos, na maioria das vezes, demoram muito tempo para serem diagnosticados e tratados.

A endometrite crônica parece estar relacionada a perdas gestacionais de repetição e a falhas repetidas de implantação embrionária em procedimentos de fertilização in vitro (FIV). Outra dificuldade é estabelecer um padrão diagnóstico, não há ainda um consenso sobre que marcadores a nível endometrial seriam os específicos para um correto diagnóstico. A presença de anticorpos contra essas bactérias seriam, em teoria, os melhores marcadores, hoje, um desses é o anticorpo CD 138. Sua presença poderia ser o indicativo da presença de bactérias maléficas a função normal do endométrio.

O diagnóstico da endometrite crônica é feito por biópsia endometrial de preferência sob visão direta em um procedimento de histeroscopia (a endoscopia uterina), os achados visuais durante este procedimento, como aumento da vascularização endometrial, podem sugerir a presença do problema.

O tratamento é relativamente simples e feito com o uso específico de determinados antibióticos. Em geral não há dificuldades em se combater essas bactérias.

A mensagem que fica é que, sempre, precisa-se pensar nesta patologia quando se está diante de quadros sem explicação de perdas de repetição e/ou falhas de implantação embrionária em ciclos de fertilização in vitro.

Pensar neste problema é o primeiro passo para o tratamento desta não tão comum patologia.

Fonte: Fertility and Sterility, ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva). Julho de 2018.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

 

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