Endometriose e possíveis complicações na gravidez

Quando se fala em endometriose, dois são os pontos mais importantes; infertilidade e dor pélvica crônica. Porém, existem outros aspectos pouco abordados.
Quando se fala em endometriose, dois são os pontos mais importantes; infertilidade e dor pélvica crônica. Porém, existem outros aspectos pouco abordados. Faltam informações a respeito dos possíveis efeitos dessa doença na gravidez, visto que a grande preocupação sempre foi, e ainda é, como engravidar com endometriose. O pensamento sempre foi que a gravidez fosse uma espécie de tratamento, um período de alivío dos sintomas e das complicações, Porém, a endometrioses pode afetar negativamente a gravidez e provocar complicações, como: aumento do risco de abortamento, restrição de crescimento fetal, pré-eclâmpsia (pressão alta), hemorragias no parto e aumento da incidência de cesariana.
Estas complicações estariam diretamente ligadas ao processo inflamatório típico da patologia, à presença de aderências pélvicas, à invasão vascular do tecido endometrial ectópico (fora do útero) e à implantação anormal do embrião. Lembremos que o endométrio uterino, mesmo estando no seu devido lugar, também, sofre alterações dificultando a implantação adequada do embrião. A presença da adenomiose (endometriose uterina), que é muito comum quando se tem endometrioses profunda, seria outro fator que contribuiria para alterações na implantação, favorecendo as placentas prévias (placentas em posição baixa), por exemplo.
Parece que quanto mais avançada a endometriose, maiores seriam os riscos, assim a endometriose profunda intestinal estaria mais relacionada a problemas.
Um pesquisa realizada nas Universidades de Roma, Parma e Siena, na Itália, demonstrou que mulheres com endometriose profunda intestinal tiveram mais complicações, como: parto pré-termo, placenta prévia (risco 10 vezes maior), descolamento de placenta, hipertensão e maior índice de cesarianas. Uma maior incidência de dor pélvica e abdominal, também, foi observada, além de um risco maior de obstrução e perfuração intestinal.
Assim, a cirurgia para o tratamento da endometriose profunda, não só tenderia a melhorar as chances de gravidez espontânea, muito embora cada caso deva ser indidualizado, avaliando-se corretamente a questão: indicação cirúrgica versus fertilização in vitro, por exemplo, mas também reduziria os riscos de complicações gestacionais.
Deve ser lembrado que nenhum tratamento é definitivo e curativo, além disso o diagnóstico de endometriose durante a gestação é muito mais difícil, levando à necessidade de realizar o correto diagnóstico prévio a concepção, usando as ferramentas certas, que são: o ultrassom transvaginal para mapeamento de endometriose e/ou a ressonância nuclear magnética da pelve.
Fonte: Fertility and Sterility, Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, Outubro de 2016.
Texto escrito pela Dra. Lilian Serio, especialista em Medicina Reprodutiva e Diretora Clínica da Fertibaby Ceará.

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