Endometriose – Como fica a fertilidade após a cirurgia?

A endometriose afeta 5 a 15% das mulheres em idade reprodutiva e está presente em 35 a 50% das mulheres que tem dor pélvica crônica e/ou infertilidade.
O tratamento para esta doença deve ser individualizado ao máximo, devendo se basear nos sintomas. Se o problema é a dor, o uso de medicações e/ou cirurgia está indicado, porém quando se tem infertilidade, as dúvidas são enormes. Operar ou não a paciente infértil é, hoje, motivo para grandes debates. O papel da cirurgia em aumentar a fertilidade precisa ser muito bem avaliado e discutido. Os dados científicos permanecem inconclusivos.
Um estudo realizado na Universidade de Tel Aviv, em Israel e publicado no fim de 2016, na Fertility and Sterility, a revista da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, procurou esclarecer os efeitos da laparoscopia (cirurgia) em mulheres inférteis com endometriose.
Foram estudadas 78 mulheres com endometriose grave, que já tinham realizado tentativas de fertilização in vitro (FIV), sem sucesso (média de 6 tentativas!!!), antes de se submeterem à cirurgia.
A taxa de gravidez após a cirurgia foi de 42%, deste percentual, 9% engravidou espontâneamente, o restante com FIV (média de duas tentativas), em um período de 6 meses.
Concluiu-se que a laparoscopia radical, com retirada total da lesões de endometriose, realizada por mãos experientes, não afeta a fertilidade. Logicamente, que vários fatores podem interferir nesta conclusão, como, por exemplo, a reserva ovariana. Neste estudo o grupo de pacientes que engravidou tinha uma reserva ovariana maior que o grupo que não conseguiu gestar. Outro ponto, foi a presença de adenomiose, a endometriose uterina, que estava mais presente no grupo de pacientes que não engravidaram. Além disso, quando se retiraram trompas com hidrossalpinge (trompa dilatada com acúmulo de líquido) a taxa de sucesso foi maior.
A remoção de endometriomas ovarianos não teve, neste estudo, impacto negativo nas taxas de gravidez, após cirurgia, em ciclos de FIV, muito embora este dado seja extremamente controverso.
Para finalizar, esta pesquisa concluiu que a cirurgia para endometriose grave, em pacientes inférteis, quando realizada por cirurgiões experientes, deve ser considerada, sobretudo após falhas repetidas de implantação embrionária em ciclos de fertilização in vitro.
Logicamente, mais estudos futuros são necessários para que se possa, definitivamente, compreender qual o melhor caminho a ser seguido em busca da gravidez em mulheres com endometriose.
Fonte: Fertility and Sterility – ASRM (American Society For Medicine Reproductive). Outubro de 2016.
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes, Médico Especialista em Medicina Reprodutiva, Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

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