ERA – Endometrial Receptivity Analysis, mais uma ferramenta que promete melhorar as taxas de Fertilização in Vitro

Um teste relativamente novo de avaliação do momento ideal para transferência embrionária nas técnicas de reprodução assistida foi pauta bastante discutida no Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida em agosto deste ano na cidade de São Paulo. O teste se chama ERA – Endometrial Receptivity Analysis e vem com o intuito de aumentar as taxas de sucesso das técnicas de reprodução assistida voltada principalmente às pacientes com falhas de implantação embrionária após ciclos de fertilização in vitro (FIV).

São várias as causas de infertilidade, sendo que em torno de 20% dos casos a causa é desconhecida, podendo o fator endometrial estar inserido neste contexto.

Sabemos que o sucesso dos tratamentos de infertilidade por fertilização in vitro depende de uma série de condições, como: um óvulo de qualidade, bons espermatozoides e um útero saudável e receptivo.

A receptividade endometrial é definida como o período durante no qual o endométrio adquire condições temporárias ideais para a recepção e a implantação do embrião. Este período é também chamado de “janela de implantação” e dura, de um a dois dias, sendo específico para cada mulher. A janela de implantação ocorre, geralmente, entre o 19º e 21º dia do ciclo menstrual.

O teste ERA é baseado na análise de mais de 200 genes e permite identificar ou não a receptividade do endométrio para transferência embrionária. Assim, este método permite identificar em cada paciente qual seria a sua própria janela de implantação, individualizando o dia exato da transferência. Desta forma, pode-se verificar se o endométrio está receptivo ao embrião após a exposição de cinco dias de progesterona ou se existe uma não sincronia, possibilitando assim, uma transferência personalizada.

O teste é executado através de uma biópsia endometrial. Trata-se de um procedimento simples e que, como efeitos colaterais, pode ocasionar leve desconforto e um pouco de sangramento, sendo, portanto, um procedimento seguro.

Apesar da indicação do método ser preferencialmente para pacientes com falhas de implantação e bons embriões, alguns estudos demonstram que ate 16% dos casais submetidos à FIV se beneficiariam com a transferência embrionária personalizada.

A opinião da maioria dos especialistas é que o método ainda deve ser exaustivamente testado com estudos maiores e bem elaborados para se poder utilizar o método com mais frequência. Portanto, mais pesquisas devem ser realizadas e o método deve ser aperfeiçoado, para que se tenha uma conclusão mais robusta sobre o mesmo.

Fonte: CBRA – Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida, Agosto de 2017.

Texto escrito pelo Dr. Roberto Didier, especialista em Medicina Reprodutiva, médico da Clínica Fertibaby Ceará, Unidade Sobral.

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