Embriões que sofrem clivagem irregular NÃO devem ser descartados!

Blastômero é nome que se dá a uma célula embrionária, e quando esta sofre uma divisão, ou mitose, diz-se que ela sofre uma clivagem. Acreditava-se que os embriões que sofrem clivagens de forma irregular são mais propensos a produzir descendentes com problemas cromossômicos, ou seja, aneuplóides.
Entretanto um novo estudo investigou que embriões, mesmo com clivagem irregular, podem desenvolver-se em blastocistos euplóides, ou seja, com o número de cromossomos corretos. Uma célula portadora de aneuploidia é a célula que teve o seu material genético alterado, sendo portador de um número cromossômico diferente do normal.
Este novo estudo mostrou que o embrião possui a capacidade de autocorreção cromossômica e que esta capacidade está associada aos aspectos dinâmicos de compactação para a formação da mórula.
Neste estudo, um total de 791 embriões de 141 pacientes submetidos a diagnóstico genético pré-implantacional (PGD) foram analisados retrospectivamente utilizando um sistema de imagens em intervalos programados de tempo (Time-lapse) e as divisões celulares múltiplas foram avaliadas. Destes, um total de 276 embriões desenvolveram-se em blastocistos adequados para biópsia e para o PGD.
A saber, o Time-lapse permite a avaliação contínua do desenvolvimento embrionário, sem que os embriões sejam retirados da incubadora. É um sistema totalmente automatizado, onde uma microcâmera instalada no interior da incubadora captura imagens dos embriões a cada 5-20 minutos continuamente, permitindo uma avaliação mais acurada do desenvolvimento embrionário quando comparada à técnica tradicional.
Lembrando que um blastócito é um embrião que se desenvolveu durante cinco ou seis dias após a fertilização. Neste momento, o embrião está pronto para ser implantado no endométrio. A característica principal destes embriões, que os distinguem de outros menos desenvolvidos, é a diferenciação de seus dois tipos de células: as da trofectoderma, que formarão a placenta, e as células da massa celular interna, que formarão o feto.
Neste estudo, além de testar amostras de biópsia do trofectoderma para aneuploidia, foram também analisadas células de 18 blastocistos, que se desenvolveram a partir de mórulas (embrião de quatro dias de vida) parcialmente compactadas.
Os resultados sugerem que os embriões humanos podem ter uma capacidade ativa para se recuperar de anormalidades cromossômicas que se originaram durante as primeiras divisões mitóticas. Porém o estudo mostrou que esta capacidade diminui com o aumento da idade dos pais
O estudo, também, destaca que embriões com clivagens assimétricas quando chegam ao estágio de blastocisto, são embriões potencialmente viáveis e que podem se recuperar de anormalidades das primeiras clivagens anteriores e que mesmo as mórulas parcialmente compactadas apresentam potencial genômico semelhante à de blastocistos completamente desenvolvidos.
Fonte: Artigo científico “Embryos with morphokinetic abnormalities may develop into euploid blastocysts”, publicado na Revista Reproductive Biomedicine On Line, em Janeiro de 2017. 

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