Cripreservação e Transplante de Tecido Ovariano – Avanços da Medicina Reprodutiva

O número de indivíduos sobreviventes aos tratamentos contra o câncer tem aumentando devido à melhora nas ferramentas de diagnóstico e tratamento. Entretanto, estes tratamentos podem resultar em complicações como a falência ovariana prematura e a infertilidade.
Apesar da criopreservação de oócitos e embriões estar bem estabelecida, a criopreservação de tecido ovariano é a única opção para preservar a fertilidade de meninas na pré-puberdade e de pacientes que necessitam de tratamento imediato.
A criopreservação, por definição, consiste na preservação de material biológico a baixas temperaturas, geralmente em nitrogênio líquido (–196 °C) ou em sua fase de vapor (aproximadamente 150 °C negativos).  O processo de criopreservação pode ser realizado pelos métodos de congelamento lento ou de vitrificação.  O primeiro tem como característica principal a utilização de baixas concentrações de agentes crioprotetores associada à redução gradual da temperatura (0,3 a 10° C/min). No entanto, é muito comum a formação intracelular de gelo, o qual é um dos maiores fatores responsáveis por danos à membrana plasmática. Já na vitrificação a velocidade de redução da temperatura é brusca (aproximadamente -23000I0;C /min), que associada a altas concentrações de agentes crioprotetores, permite a passagem da água do estado líquido para um estado vítreo amorfo, sem a formação de cristais de gelo.  Além disso, a vitrificação é um método prático, rápido e de custo reduzido.
De uma forma geral, após a criopreservação de tecido ovariano, a fertilidade pode ser restaurada com o auxílio do transplante deste tecido. O objetivo do artigo em estudo foi avaliar a morfologia, sobrevivência e desenvolvimento de folículos pré-antrais (óvulos imaturos) humanos provenientes de tecido ovariano submetidos a diferentes protocolos de criopreservação e posterior xenotransplante (transplante em cobaias de outra espécie).
Os três protocolos utilizados foram: congelamento lento, contendo albumina sérica humana (ASH) e dimetilsulfóxido (DMSO) ou vitrificação protocolo 1, contendo DMSO, etilenoglicol (EG), e (ASH), ou, ainda, vitrificação protocolo 2 contendo DMSO, EG, ASH, polivinilpirrolidona (PVP) e sacarose (SAC). Para tanto, fragmentos ovarianos de mulheres (n = 7) foram criopreservados por um dos protocolos descritos e xenotransplantado intraperitonealmente, durante 1 semana, em camundongos imuno deficientes (n = 11).
De acordo com as análises histológicas não houve diferença significativa entre o percentual de folículos morfologicamente normais entre os diferentes protocolos e a proporção de folículos primordiais foi significativamente menor do que a de folículos em crescimento. O percentual de folículos primordiais recuperados após vitrificação protocolo 2 foi significativamente maior do que o encontrado após o congelamento lento. De acordo com a análise, ambos os protocolos de vitrificação mostraram uma melhor conservação folicular do que o congelamento lento.
Assim, pode-se concluir que o método de vitrificação preserva não só a morfologia e a sobrevivência de folículos pré-antrais, mas também a sua capacidade para manter o crecimento e desenvolvimento dos foliculos. Quanto à vitrificação, a combinação de DMSO, EG, ASH, PVP e SAC é tão eficiente quanto DMSO, EG e ASH para vitrificar tecido ovariano humano.
Dessa forma, se após o método de congelamento lento do tecido ovariano seguido de transplante já foram relatados pelo menos 60 nascimentos de crianças, possivelmente a aplicação do método de vitrificação para tecido ovariano humano nos leve a resultados ainda mais promissores.
Baseado no artigo Cientifico Vitri@257;cation and xenografting of human ovarian tissue publicado na Revista Fertility and Sterility Vol. 98, No. 5, em Novembro de 2012.

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