Congelamento de Óvulos – Uma Nova Era

Os avanços no campo da medicina reprodutiva vêm permitindo grandes conquistas em se atingir mais rapidamente uma gravidez quando se tem uma dificuldade e mais ainda com relação à preservação futura da fertilidade.
O congelamento de óvulos e espermatozoides é, hoje, uma técnica consagrada e permite com uma grande margem de segurança preservar a fertilidade para o futuro, sobretudo, quando se fala em termos de óvulos e idade da mulher. Sabe-se que a idade feminina é o principal fator limitante para uma gravidez.
A grande maioria dos casais têm dificuldades para engravidar pelo simples fato de terem, por um motivo ou por outro, adiado a gravidez. Além disso, a mulher moderna, inserida no mercado de trabalho, tem, nas últimas décadas, postergado o sonho da maternidade em detrimento às escolhas profissionais. Nada mais justo.
A medicina pode ajudar e muito quando se deseja postergar uma gravidez. O congelamento de óvulos é, hoje, algo simples, acessível e comum em todas as grandes cidades do mundo, mesmo em países em desenvolvimento, como o Brasil.
Então o que falta para uma maior conscientização da importância da preservação da fertilidade? A resposta é informação. A mulher precisa ter acesso a esse tipo de informação e conscientização desde jovem, nas primeiras consultas com seu ginecologista, antes ainda, na escola, quando professores de biologia já deveriam alertar sobre a fertilidade e sua queda com a idade. Falta muita informação. Não há dúvidas que as próximas gerações congelarão muito mais óvulos que a atual. Congelar óvulos será algo comum e rotineiro para a mulher do terceiro milênio e essa criopreservação ocorrerá em idades mais precoces, aos 25-30 anos. Hoje, a idade média das mulheres que buscam o congelamento é de 37 anos, muitas vezes tardiamente, visto que o pico da fertilidade feminina ocorre aos 25 anos e que após os 35 anos essa fertilidade cai assustadoramente.
Baseado nisso, um grupo de pesquisadores norte-americanos realizou uma pesquisa sobre a conscientização que mulheres em idade fértil têm sobre a importância da preservação da fertilidade. Foram entrevistadas mulheres entre 21 e 45 anos. Um total de 87% dessas mulheres já tinham uma certa consciência da importância da cripreservação de óvulos como estratégia de preservar a fertilidade e 25% destas consideravam fortemente a possibilidade do congelamento, mas somente 29% tinham uma ideia de como o processo ocorre. Isto é, pouquíssimo conhecimento sobre a técnica e uma baixa intenção em realizar o procedimento.
Após uma explicação sobre como funciona o congelamento, sua simplicidade, acesso e custo, 30% destas mulheres mudaram seu nível de aceitação e consideração em realizar o procedimento, ou seja, falta mesmo o simples detalhe do acesso à informação. Mesmo se tratando de um tratamento pago nos EUA, assim como no Brasil, a maioria dessas mulheres aceitaria realizar o tratamento.
Empresas, como Facebook e Apple, já vêm propondo a criopreservação de óvulos às suas funcionárias. A tendência é que mais atitudes nesse sentido aconteçam e que num futuro próximo os orgãos regulatórios de saúde comecem a olhar com outra perspectiva para a importância de preservação da fertilidade. O nosso papel, enquanto profissionais da saúde e da área de medicina reprodutiva é informar sempre e buscar conscientizar cada mulher, para que possamos evitar tantos e tantos casos de infertilidade causados pela idade avançada.
Lembrando que mesmos as técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, não são tão eficientes após uma determinada idade, perdendo muito do seu potencial, sobretudo após os 40 anos, isso porque qualquer que seja a técnica empregada, esta depende de uma boa matéria–prima, isto é, de bons e jovens espermatozoides e óvulos.
Fonte: University of Pennsylvania, Philadelphia, EUA. Maio de 2017.
Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes, especialista em Medicina Reprodutiva. Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

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