Como o HPV interfere na Fertilidade?

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Mais da metade da população brasileira está infectada pelo HPV, estima Ministério da Saúde

Além do câncer, saiba os riscos que a doença representa também à sua fertilidade

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde no fim de novembro apontam que mais da metade (54,6%) da população brasileira, com idades entre 16 e 25 anos, está infectada pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). Deste total, 38,4% apresentam tipos da doença com alto risco de desenvolvimento de câncer. Segundo o estudo, realizado em parceria com o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, a cidade com maior incidência de casos é Salvador, com 71,9% da população infectada, seguida por Palmas (61,8%), Cuiabá (61,5%) e Macapá (61,3%). Recife é a cidade brasileira com a menor incidência da doença, com 41,2% dos casos. A cidade de Fortaleza figura na lista, tendo 53,4% dos jovens infectados.

Juntamente com os dados da pesquisa, o Ministério da Saúde anunciou que a vacina contra o HPV passa a ser oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a meninos de 11 a 15 anos incompletos. Desde janeiro deste ano, a idade para a imunização deste público era somente de 12 a 13 anos. Antes disso, somente meninas, com menos de 15 anos recebiam a vacina.

Responsável por vários tipos de câncer, como câncer de pênis, garganta, ânus e, o principal, câncer do colo do útero, o vírus HPV pode ainda provocar o aumento das taxas de aborto e a diminuição da fertilidade em homens e mulheres, por alterar geneticamente óvulos e espermatozoides. Muitas falhas em ciclos de reprodução assistida, que aparentemente não tem uma causa, podem ter sido ocasionadas pela infecção desse vírus”. A situação é ainda mais preocupante porque estima-se que entre 75% a 80% da população mundial já tenha entrado em contato com o vírus, muito embora muitos não manifestem lesões.

Reações nos homens e nas mulheres

Especificamente, nos homens, o vírus diminui a movimentação dos espermatozoides, deixando-os mais lentos e com mais dificuldade de penetrar no óvulo. Além disso, o HPV desenvolve uma presença maior de anticorpos contra o sêmen na superfície dos espermatozoides, como forma de reação do corpo à presença do vírus. Consequentemente, essa reação provoca a redução da fertilidade espontânea e também das taxas de sucesso em tratamentos de reprodução assistida.

Já na mulher, o vírus pode elevar em até duas vezes as chances no número de perdas gestacionais por aborto. O óvulo infectado expressaria o material genético do vírus e o embrião formado apresentaria uma maior dificuldade de maturação e crescimento, reduzindo as chances de gravidez. Mesmo mediante as técnicas de fertilização in vitro e inseminação intrauterina, o vírus dificultaria sua implantação do embrião no útero.

Medidas

Uma possível alternativa para casais que identificaram a infecção pela doença é esperar um período de cerca de seis meses para o vírus “sair” das áreas genitais, o que é um processo natural de defesa do organismo. Assim, poderia-se tentar engravidar sem a presença do vírus no espermatozoide ou no colo do útero. Outra opção seria usar técnicas de “lavagem” de espermatozoides para tentar retirar o vírus do sêmen, antes de procedimentos de reprodução assistida. Esse método ainda é experimental, mas já é utilizado mundo a fora.

Prevenção

Ainda não existe tratamento para o HPV, por isso a melhor forma de combatê-lo é a prevenção. No Brasil, o SUS oferece, gratuitamente, a vacina contra a doença para pessoas na faixa etária pré-puberal, período que geralmente antecede o início da vida sexual, embora a vacina seja indicada até a terceira ou quarta décadas de vida. O restante da população pode buscar a imunização em clínicas particulares de vacinação. Ainda assim, o uso de preservativos durante as relações sexuais também é fundamental para prevenir a doença, muito embora existam controvérsias sobre a real proteção dos preservativos masculinos frente ao hpv. Sem dúvida nenhuma a vacinação em massa da população será fundamental para o controle da verdadeira epidemia do HPV que vivemos nos dias atuais.

Fonte: Ministério da Saúde do Brasil. ESHRE (Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia). Novembro de 2017.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes, Especialista em Medicina Reprodutiva. Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

 

 

 

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