Como lidar com a Infertilidade sem Causa Aparente?

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 Casais que estão tentando engravidar há mais de um ano e que não tem nenhuma causa identificada para a infertilidade são chamados casais inférteis sem causa aparente (ISCA). São casais onde a mulher tem ovulação normal, cavidade uterina normal e trompas pérvias e o homem tem quantidade e motilidade (movimentação) dos espermatozóides normais, mas não conseguiram engravidar após um ano de tentativa.

Nos últimos anos, aumentou muito a quantidade de exames e critérios que utilizamos na investigação da causa da infertilidade e por isso alterações que antes não eram achadas, são, hoje, possíveis causas de infertilidade. Portanto, isso demonstra que é muito provável que a maioria dos casais tenha uma causa para justificar a infertilidade, embora a medicina ainda não seja capaz de identificar.

Muitas vezes esses casais procuram auxílio de um especialista e precisam decidir qual melhor conduta frente a este caso de infertilidade sem causa definida. Realizar algum tratamento ou continuar tentando a gravidez espontaneamente (conduta expectante). Entretanto, alguns estudos têm demonstrado que a chance de gravidez nos casos de infertilidade sem causa aparente  aumenta quando são realizados tratamentos, sejam os mais simples, com uma indução da ovulação e inseminação ou técnicas mais complexas como a fertilização in vitro, quando se compara à conduta expectante.

Alguns estudos, também, demonstram que a demora para engravidar, nos casais com infertilidade sem causa aparente, pode diminuir se após tentativas frustadas com indução da ovulação, esses casais partem direto para um tratamento de fertilização in vitro, sem passar antes pela inseminação intrauterina.

Logicamente, para tomar a melhor decisão sobre que tratamento ou acompanhamento realizar é importante individualizar cada caso e tomar a decisão em conjunto, médico e paciente definindo a conduta juntos.

Enfim, muitos dos casos de infertilidade sem causa aparente, na verdade, devem ter alguma justificativa para a infertilidade, que os exames atuais ainda não são capazes de identificar. Já se estudam, por exemplo, alterações genéticas nos espermatozóides que são aparentemente normais ao espermograma (tanto em quantidade quanto em motilidade), impedindo uma gravidez espontânea.

Por isso, se um casal é considerado infértil sem causa aparente, ele deve ter a consciência de que deve existir algum fator ainda não identificado e que muito provavelmente, se beneficiará de um tratamento de reprodução assistida.

Texto escrito pela Dra. Lilian Serio, especialista em Medicina Reprodutiva. Médica sócia da Clínica Fertibaby Ceará.

Fonte: Fertility and Sterility, publicação da ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva) – Junho de 2016.

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