Como escolher o melhor embrião para a transferência e aumentar as taxas de gravidez após fertilização in vitro?

Na reprodução assistida, os embriões são selecionados para transferência uterina através de diversas características como a taxa de divisão celular e morfologia. A classificação dos embriões pode ocorrer no segundo e terceiro dia de cultivo (dia 2 e dia 3) e compreende o número de células, o grau de fragmentação, a simetria celular e a presença ou ausência de granulações citoplasmáticas. Estas características estão associadas a melhores taxas de implantação e de nascimentos. Entretanto, outra forma de avaliar os embriões é através da presença e distribuição dos corpúsculos precursores dos nucléolos dentro desses pronúcleos (PNs). Como isso acontece? No dia 1 após a fertilização, ou melhor, de 12 a 18 horas após o início da ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides), as placas de inseminação são retiradas por alguns minutos das incubadoras e sob aumento de 400 vezes, é verificada a presença dos dois PNs, o masculino e o feminino, o que comprova a fertilização.

Fertilizações anômalas podem ocorrer, assim como a verificação de somente um pronúcleo (PN) ou a presença de três ou mais PNs no oócito, sendo então descartados. Os pronucleados (que apresentam PNs) são classificados morfologicamente, de acordo com a simetria, alinhamento e distribuição de corpúsculos polares (precursores dos nucléolos) dentro dos PNs. Os nucléolos devem estar em número superior a sete e dispersos em ambos os PNs, ou em número menor do que sete e polarizados na interface de contato dos PNs (Figura 1 e Figura 2, padrão 1). Outras distribuições de nucléolos dentro dos PNs são consideradas anormais (Figura 2, padrão de 1 a 5). Todos os dados sobre a fertilização e a classificação dos pronúcleos são anotados em formulários específicos, onde diariamente serão descritas as suas clivagens e evoluções. Entretanto alguns embriologistas avaliam apenas a morfologia do embrião no dia 3 de cultivo in vitro.

Diante disso, questiona-se: qual das duas formas de avaliação é a mais associada com taxas de sucesso na gravidez? A morfologia do embrião no dia 3 ou a distribuição dos corpúsculos precursores dos nucléolos dentro dos PNs? Um estudo dividiu 1899 embriões em dois grupos conforme a sua forma de avaliação como critério de escolha para a transferência: O grupo 1 (com 835 embriões): Onde foi avaliada apenas a morfologia do embrião no dia 3. O grupo 2 (com 1064 embriões), onde foi avaliada, além da morfologia do embrião no dia 3, a distribuição dos corpúsculos precursores dos nucléolos dentro dos PNs. Os resultados supreendentemente mostraram que embriões avaliados e escolhidos por ambas as formas seleção (grupo 1 e grupo 2) apresentaram igual potencial de implantação e taxas de gravidez. Neste estudo foi revelado que baixas taxas de gravidez estão associados à alta idade da paciente, baixa recuperação de oócitos por punção, produção de poucos embriões no dia 3 de cultivo e a pobre morfologia do embrião transferido no dia 3 de cultivo.

Por isso avaliar a distribuições de nucléolos dentro dos PNs, como fator decisivo para seleção embrionária, não melhora as taxas de gravidez. Em outras palavras, neste estudo, foi demostrado que avaliar a distribuição dos nucléolos dentro dos PNs, no dia 1, para a seleção de embriões, não está associada com aumento nas taxas de gravidez, indicando que o padrão de distribuição de nucléolos não está associado aos melhores embriões. Porém fatores como: a idade da paciente, o número de óvulos maduros recuperado na punção e o número de embriões viáveis para transferência no dia 3 de cultivo foram prognosticadores significantes da gravidez clínica.

Texto escrito por Franciele Osmarini Lunardi, Bióloga, Doutora em Reprodução Humana, Embriologista da Clínica Fertibaby Ceará. Baseado em uma pesquisa realizada pelo Instituto de Montefiore de Medicina Reprodutiva e Saúde, Hartsdale, Nova York, publicada no Journal of Assisted Reproduction and Genetics no ano de 2014.

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