Câncer de próstata: cirurgia robótica ajuda a preservar capacidade sexual e tratamentos modernos preservam a fertilidade masculina

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O Novembro Azul, campanha idealizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), é uma oportunidade importante para difundir informações corretas e esclarecer mitos como o da disfunção erétil – popularmente conhecida como impotência sexual – após a prostatectomia. A cirurgia para retirada de câncer de próstata é considerada o principal procedimento para curar a doença, desde a década de 1970, porém, na época, a maioria dos homens que se submetiam à operação ficavam com sequelas, como incontinência urinária, e quase 100% deles ficava com disfunção erétil.

Com o passar dos anos, os avanços da tecnologia e da medicina permitiram o desenvolvimento de uma nova e revolucionária forma de realizar a cirurgia de próstata, a prostatectomia robótica, um tipo de cirurgia minimanente invasiva, surgida há dez anos, que oferece aos pacientes uma série de boas alternativas que não existiam anteriormente.

Como é realizada a prostatectomia robótica?

Por meio da utilização de modernos equipamentos, entre eles, o principal e famoso robô Da Vinci, usado pela primeira vez em 2008, os cirurgiões podem executar o procedimento com mais precisão, oferecendo mais segurança e menos desconforto ao paciente no pós-operatório. O robô possui braços articulados e é comandado pelo médico por meio de uma mesa de controle que permite executar movimentos de alta precisão, com a ausência de risco de tremor nos movimentos cirúrgicos e com melhor visão da área operada. As imagens do corpo do paciente são vistas de forma ampliada, com nitidez e percepção de profundidade, sem a necessidade de abrir o abdômen.

A comparação entre a cirurgia robótica e os outros tipos de cirurgia para o câncer de próstata, como a laparoscópica e a cirurgia aberta, mostra que o paciente que realiza o procedimento por meio da robótica tem mais chances de recuperar a ereção e menos de chance de ter problemas com incontinência urinária. Dentre os outros benefícios da cirurgia, estão menor tempo cirúrgico, cortes menores e menor sangramento, menor tempo de internação, diminuição das dores e complicações pós-cirúrgicas e rápida recuperação no período pós-operatório.

Como fica a fertilidade do paciente após a prostatectomia?

A cirurgia é a principal forma de tratamento para o câncer de próstata pois, na maioria dos casos, é possível remover todo o tumor maligno e curar definitivamente o câncer, especialmente quando a doença é diagnosticada no início e ainda não atingiu outros órgãos. Embora este tratamento seja essencial, também pode ser necessário realizar quimioterapia e radioterapia após a cirurgia para eliminar todas as células malignas.

Embora a cirurgia robótica preserve a capacidade erétil do paciente, tanto a retirada da próstata quanto a quimioterapia e a radioterapia implicam na diminuição da capacidade reprodutiva, causando a diminuição da quantidade e da qualidade dos espermatozoides, sendo necessário buscar ajuda de um especialista para se conseguir uma gravidez.

O próprio câncer por si só pode causar danos irreversíveis aos espermatozoides. Cerca de 10% dos pacientes que vão se submeter aos tratamentos de câncer, apresentam oligozoospermia, redução na quantidade do número de espermatozoides presentes no líquido ejaculado, ou, azoospermia, ausência total de espermatozoides no líquido seminal.

Quando é feita a cirurgia e a próstata e as vesículas seminais também são retiradas, há ainda a perda da capacidade ejaculatória. Assim, mesmo ainda havendo alguma produção espermática, os espermatozoides não são liberados.

Com isso, para se obter uma gestação, é necessário retirar os espermatozoides diretamente do testículo e colocados diretamente dentro dos óvulos. Essa técnica é chamada de fertilização In Vitro com injeção intracitoplasmatica de espermatozoides.

Nos casos em que a radioterapia ou a quimioterapia também são necessárias, há uma maior redução na produção de espermatozoides, o que dificulta ainda mais a gravidez. Para os homens que precisam iniciar o tratamento oncológico e desejam ser pais futuramente, é recomendada a realização da preservação da fertilidade, por meio do congelamento de amostras do sêmen nos laboratórios de criobiologia das clínicas de reprodução assistida, antes de que as seções de quimioterapia ou de radioterapia sejam iniciadas.

Congelamento de sêmen

A coleta é feita por meio da masturbação, ou através de técnicas como estimulação vibratória peniana, eletroejaculação retal, aspiração espermática do epidídimo e extração espermática testicular, indicadas para pacientes com diagnóstico de oligo ou azoospermia.

Após a coleta, a amostra de sêmen deve ser congelada o mais rápido possível, para preservar as condições de qualidade. No laboratório, o sêmen é preservado em meios líquidos e substâncias crioprotetoras em frascos especiais, rotulados com os dados do paciente e, em seguida, armazenados em tanques de nitrogênio líquido, que preservam as amostras por tempo indeterminado em temperaturas de 196 graus Celsius negativos, para uso posterior.

Dessa forma, é importante saber que a gravidez, após tratamento do câncer de próstata, é possível e é mais fácil quando planejada antes do seu início.

Fonte: SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Novembro Azul, 2017.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes, Especialista em Medicina Reprodutiva. Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

 

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