Câncer de Pele pode causar Infertilidade: Saiba como preservá-la em caso de diagnóstico da doença

dez laranja

Dezembro chegou e, com ele, a campanha de prevenção ao câncer de pele, o tipo mais comum da doença no Brasil, que corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no País, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2030, haja no mundo 27 milhões de casos novos de câncer, com 17 milhões de mortes pela doença e 75 milhões de pessoas vivendo com câncer. Dessa maneira, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove a Campanha “Dezembro Laranja”, com ações no país inteiro que buscam conscientizar a população sobre os riscos da exposição inadequada ao sol e ainda para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pele. A campanha reforça a importância primordial da fotoproteção diária com o uso regular e frequente do protetor ou bloqueador solar.

Entre todos os desafios enfrentados pelos pacientes acometidos pela doença, uma nova barreira se apresenta: a possibilidade da infertilidade. Assim como, outros diversos tipos de câncer, o de pele também tem implicações na saúde fértil dos pacientes. Devido à agressividade dos tratamentos, a produção de óvulos e espermatozoides fica comprometida, sendo necessário, a aqueles que sofrem com o problema, recorrerem às técnicas de congelamento de gametas, antes de iniciarem as sessões de quimio ou radioterapia, caso desejem ter filhos posteriormente.

Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia podem causar lesões nas células germinativas. Nas mulheres, há o risco de desenvolverem menopausa precoce e, com isso, perderem completamente a reserva de óvulos, impedindo-as totalmente de engravidar. As técnicas de congelamento de óvulos e de ovários são opções que trazem esperança àquelas que, após a cura da doença, desejam recuperar a fertilidade. Já nos homens, os tratamentos podem afetar a função da glândula masculina, responsável por produzir compostos importantes do líquido seminal e os próprios espermatozoides. Por isso, antes de iniciarem o tratamento oncológico, é necessária a realização da preservação da fertilidade, por meio do congelamento de amostras do sêmen nos laboratórios de criobiologia das clínicas de reprodução assistida, antes de que as seções de quimioterapia ou de radioterapia sejam iniciadas, caso ainda desejem ser pais.

Congelamento de sêmen

A coleta é feita por meio da masturbação, ou através de técnicas como estimulação vibratória peniana, eletroejaculação retal, aspiração espermática do epidídimo e extração espermática testicular, indicadas para pacientes com diagnóstico de oligo ou azoospermia.

Após a coleta, a amostra de sêmen deve ser congelada o mais rápido possível para preservar as condições de qualidade. No laboratório, o sêmen é preservado em meios líquidos e substâncias crioprotetoras em frascos especiais, rotulados com os dados do paciente e, em seguida, armazenados em tanques de nitrogênio líquido, que preservam as amostras por tempo indeterminado em temperaturas de 196 graus Celsius negativos para uso posterior.

Congelamento de Óvulos e Ovários

O método de congelamento de óvulos é semelhante ao da fertilização in vitro. A diferença é que o congelamento é feito antes da formação dos embriões. Para isso, a mulher recebe medicações para estimular o crescimento e o amadurecimento dos óvulos e, quando eles estão maduros, são retirados dos ovários por punção ovariana, com uso de ultrassom e sob anestesia. Já para o congelamento de ovários, é necessária a realização de uma cirurgia feita por vídeo-laparoscopia, procedimento minimamente invasivo e feito por meio de pequenos cortes no abdômen e na pelve para a retirada dos órgãos. Assim, eles podem ser congelados inteiros ou em partes em nitrogênio líquido, assim como os óvulos.

O ideal em caso de diagnóstico de câncer é fazer os dois procedimentos, já que nenhum tipo de preservação de fertilidade garante totalmente uma gravidez futura. Mesmo ainda sendo considerada uma técnica experimental, com apenas 60 nascimentos no mundo realizados a partir dela, o congelamento de ovários permite à mulher voltar a produzir hormônios normalmente após o tratamento do câncer. Em termos de saúde e bem-estar, fazer a reimplante dos ovários é a solução. Para gravidez, o congelamento de óvulos é hoje a melhor opção.Dessa forma, é importante saber que a gravidez, após tratamento do câncer, é possível e é mais fácil quando planejada antes do seu início.

Fonte: SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia. SBRA – Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. Dezembro 2018.

Texto escrito pelo Dr. Daniel Diógenes. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócio-Diretor da Clínica Fertibaby Ceará.

 

 

 

 

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