Banco de tecido ovariano: Uma alternativa para preservação de fertilidade em mulheres diagnosticadas com câncer

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Nas últimas décadas, a terapia oncológica tem demonstrado, de maneira positiva, um grande impacto na taxa de sobrevivência de pacientes com câncer. Estima-se que, em longo prazo, milhares de mulheres em idade fértil conseguirão superar e sobreviver ao câncer.

Embora eficazes na erradicação dos tumores malignos, os tratamentos oncoterápicos destroem as células germinativas e podem, nas mulheres, levar à menopausa prematura e, consequentemente, a infertilidade.

Diferentemente dos homens, cujos métodos de preservação de fertilidade estão clinicamente definidos, em mulheres, as metodologias empregadas ainda são limitadas.

A principal técnica para a preservação da fertilidade feminina utilizada na rotina clínica é a estimulação ovariana para recuperação de óvulos maduros e posterior fertilização in vitro. No entanto, existem limitações na utilização de FIV em pacientes com câncer. Isto se deve principalmente ao fato de a necessidade de estimulação hormonal para obtenção de óvulos maduros atrasar o início do tratamento contra o câncer, além de não ser uma estratégia recomendada para pacientes jovens que não iniciaram a puberdade, para mulheres adultas que não possuem parceiro ou ainda àquelas portadoras de câncer hormônio-sensível.

Alternativamente, a associação da técnica de criopreservação (congelamento) e reimplante de tecido ovariano pode ser realizada em qualquer período do ciclo menstrual e não requerer estimulação hormonal, sendo indicada tanto nas pacientes com câncer hormônio sensível como naquelas pacientes pré-puberes, além de poder ser iniciada logo após o diagnóstico da neoplasia.

Desde 2004, pesquisadores franceses publicaram um marco histórico na medicina reprodutiva humana, o qual trouxe esperança para milhares de mulheres. Esses pesquisadores demostraram que o reimplante de tecido ovariano (que permaneceu congelado durante a quimioterapia) possibilitou que após tratamento e cura do câncer, mulheres pudessem gestar e conceber filhos saudáveis sem a utilização de técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro.

Porém a reprodução assistida pode ser aplicada após a criopreservação e reimplante do tecido ovariano. O Jornal Inglês de Medicina descreveu o tratamento e a cura de linfoma, bem como o restabelecimento de fertilidade em uma mulher depois receber reimplante de tecido ovariano previamente congelado. O tecido ovariano, após nove meses de implantação, apresentou crescimento espontâneo de um folículo ovariano. A partir dessa constatação, foi realizada estimulação ovariana com gonadotrofinas e um único óvulo foi recuperado para fertilização in vitro e, subsequentemente, um embrião foi transferido, originando gravidez e nascimento de uma criança saudável.

Até o momento, já foram registrados 60 nascimentos oriundos da associação das técnicas de criopreservação e reimplante de tecido ovariano. Dessa forma a criação dos bancos de tecido ovariano representa uma importante alternativa de preservação da fertilidade. Pois esta técnica proporciona a preservação de milhares de óvulos imaturos que em sua grande maioria seriam destruídos pelo tratamento oncoterápico.

Mas, apesar de todas essas vantagens, a utilização de tecido ovariano criopreservado para fins de preservação e restauração de fertilidade ainda se restringe aos grandes centros de fertilidade, e só recentemente foi implantado em nosso país. Entretanto, Fortaleza saiu na frente quando em 2014 implementou o primeiro banco de tecido ovariano humano do Ceará. A clinica Fertibaby traz apoio e opções de preservação da fertilidade a mulheres que necessitam enfrentar o tratamento contra o câncer.

Fonte Franciele Lunardi, artigo Cientifico publicado na Revista Saúde e Pesquisa, v. 6, n. 3, p. 525-532, set./dez. 2013 – ISSN 1983-1870.

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