Aplicativos para Análise Seminal – Apps podem mudar a forma como avaliaremos os espermatozoides no futuro

apps

O principal e primeiro exame a ser pedido para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma. Embora, a qualidade da grande maioria dos espermogramas seja muito questionada, pois depende do tipo de microscópio utilizado e sobretudo do treinamento do profissional que fará a leitura, ou seja, que analisará a amostra seminal no microscópio.

Muito cuidado é necessário ao se interpretar uma análise seminal realizada em um laboratório não específico para tal, ou seja, fora de um centro de medicina reprodutiva. A imensa maioria dos laboratórios de análises clinicas darão diagnósticos errados e, em geral, não identificarão as alterações seminais, sobretudo as alterações de qualidade seminal.

Mais recentemente, alguns testes têm sido desenvolvidos para que o próprio paciente possa realizar em casa uma avaliação seminal. Assim como, hoje, existe, por exemplo, o teste da glicemia que é feito com sangue da ponta do dedo. Testes caseiros ajudariam a monitorização sem a necessidade do paciente ir a uma unidade de saúde e são muito bem-vindos pois trazem conforto, segurança, praticidade e redução de custos, porém para se chegar a esses benefícios é necessário uma série de avaliações antes de se pôr em prática tais tipos de teste.

Existem, hoje, aplicativos de celular que “prometem” avaliar corretamente uma amostra seminal. Pesquisas científicas sobre esses testes demonstraram que os mesmos parecem estimar adequadamente o número de espermatozoides móveis, mas que são, ainda, incapazes de analisar os demais parâmetros que são cruciais para uma correta avaliação, como a morfologia (avaliação da forma dos espermatozoides), por exemplo.

É impossível, ter-se por meio de um aplicativo uma correta avaliação dos espermatozoides. O sêmen precisa ser centrifugado, ser misturado a componentes químicos que permitam uma correta medição de movimentação, vitalidade e sobretudo de morfologia.

É preciso ter muito cuidado ao se usar tecnologias como um teste caseiro por aplicativos, pois esse uso pode levar o homem a achar que não há problemas e a não buscar ajuda médica por isso, por outro lado, os desenvolvedores dos aplicativos sugerem que mais homens buscarão ajuda médica em caso de resultados alterados no aplicativo. Resta saber se o aplicativo dará mais resultados falsos negativos (análise normal pelo aplicativo, mas alterada em uma analise convencional) ou mais resultados falsos positivos (alterações no aplicativo que não serão confirmadas nos espermogramas convencionais).

Logicamente, o uso de novas tecnologias é muito bem-vindo, porém nada ainda, hoje, supera a análise de especialistas. Além disso, na coleta e avaliação caseira, não se tem o controle completo de todos os parâmetros, como: análise correta de toda amostra e manutenção correta da temperatura seminal, entre outros.

Em conclusão, a busca por análises mais simples e práticas, usando novas tecnologias é louvável e deve ser estimulada, mas não está, ainda, claro sobre os reais benefícios de aplicativos para avaliar a amostra seminal, portanto, devemos sempre buscar a melhor e mais rigorosa análise seminal em laboratórios de qualidade, com exames sendo realizados por profissionais capacitados e treinados para tal, nada substituiu ainda o profissional bem capacitado.

Fonte: Universidade de Missouri, Columbia. Centro de Medicina Reprodutiva e Fertilidade de Missouri. ASRM (Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva). Dezembro de 2018.

Texto escrito por Lilian Serio. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócia-Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

 

 

Compartilhe: