Anticoncepcional engorda?

balanca
O ganho de peso é uma preocupação comum a praticamente todas as mulheres quando o assunto é anticoncepcional. O abandono do anticoncepcional hormonal com a justificativa do ganho de peso é muito frequente no consultório ginecológico e chega a ser preocupante o apelo por essa associação.
De fato, muitos médicos também acreditam nisso, mas a verdade é que, à luz do conhecimento atual, não se pode afirmar com certeza que o anticoncepcional hormonal engorde.
Resultados curiosos e conflitantes têm sido obtidos nos últimos anos. Em um estudo brasileiro [1], o uso do sistema intra-uterino liberador de progestagênio (SIU-LNG) por cinco anos pareceu não causar aumento significativo do peso e, se variação houve, pareceu ser a mesma observada com o uso do tradicional DIU de Cobre. Depois de cinco anos de uso, os pesquisadores encontraram aumentos de 3,1 quilos para o SIU-LNG, de 4,9 quilos para o DIU de Cobre e de 8,2 quilos para o progestagênio injetável acetato de medroxiprogesterona.
Esses resultados foram postos à dúvida com estudo recente [2], em que o ganho médio de peso depois de um ano de uso foi de 2,9 quilos para usuárias do SIU-LNG e de 1,4 quilos para usuárias do DIU de Cobre. Mas esse e outros estudos são considerados pequenos para que as conclusões sejam extrapoladas para a prática cotidiana com muito entusiasmo.
A revisão de 49 estudos científicos bem conduzidos foi publicada pela Cochrane em 2011 [3], tratando do ganho de peso associado a 52 combinações diferentes de anticoncepcionais contendo estrogênios e progestagênios. Para os autores, a maioria das comparações entre diferentes combinações (tanto pílulas quanto adesivo) não foram capazes de garantir associação com ganho significativo de peso, o que se repetiu quando comparados os anticoncepcionais a placebo ou usuárias a não usuárias.
Naquele mesmo ano, as pílulas contendo apenas o progestagênio foram igualmente testadas[4]. Essas são aquelas pílulas indicadas para mulheres que não podem usar estrogênios (por exemplo, as que estão amamentando). Dessa vez, houve evidência de ganho de peso, mas pequena. Para os autores do estudo, o ganho médio de peso não deve ultrapassar 2 quilos em um ano de uso, ganho que pode ser semelhante ao obtido com as formulações combinadas.
Ambos os estudos reconheceram, entretanto, que pesquisas futuras possam mudar os achados e trazer novas informações. Como sempre foi e será, o conhecimento é mutável.
Você pode estar se perguntando: E por quê eu ganhei peso?! Bom, as teorias são inúmeras. Como os contraceptivos hormonais são medicamentos comuns na vida das mulheres por longos períodos, fatalmente levarão a culpa, mas fatores genéticos e ambientais podem justificar o ganho de peso ao longo do tempo, assim como mudanças de hábitos e ansiedade.
Assim como aquele primeiro estudo brasileiro, uma pesquisa realizada há cerca de uma década na UNICAMP demonstrou ganho de peso entre usuárias do DIU de Cobre (que não contém hormônios) depois de cinco anos, reforçando a hipótese da tendência natural da mulher de ganhar peso, relacionada ao aumento da idade e aos fenômenos de transição alimentar observados ao longo dos anos [5].
Por tudo isso, fique sempre atenta e aproveite a consulta ginecológica para sanar suas dúvidas.
Até a próxima!

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