Análise Genética Pré-Implantacional – Riscos e Benefícios

O PGS/PGD (sreening/análise/diagnóstico genético pré-implantacional) surgiu há tempos como uma ferramenta promissora e definitiva, que permitiria analisar e definir qual seria o embrião perfeito.
O nome PGS (Screening Genético Pré-Implantacional) é usado quando se analisam embriões de casais que não têm alterações genéticas, buscando simplesmente aumentar a taxa de gravidez em ciclos de fertilização in vitro (FIV). Já a nomenclatura PGD (Diagnóstico Genético Pré-Implantacional), consiste em buscar alterações genéticas específicas que podem ser passadas dos pais para o embrião. Essa nomenclatura serve apenas para diferenciar o uso deste tipo de análise, mas trata-se da mesma técnica.
Após anos de uso, ainda não há consenso sobre os reais benefícios do uso do PGS nos ciclos de fertilização in vitro (FIV).
As pesquisas não trazem dados conclusivos sobre o uso em casos mais difíceis, como: baixa reserva ovariana e falhas repetidas de implantação embrionária após FIV e muito menos dados concretos em casos de melhor prognóstico, como: boa reserva ovariana e em primeiras tentativas de fertilização in vitro, ou seja, tem-se que ter cautela ao propor e usar tal tecnologia.
As técnicas de PGS não permitem uma análise genética global do embrião e muitas vezes podem gerar resultados falsos positivos, indicando alterações genéticas que não existem, são os chamados mosaicismos. Além disso, ao se retirar células do embrião, pode-se estar reduzindo a capacidade de boa implantação de um embrião geneticamente perfeito.
Em pacientes com falhas repetidas de implantação após FIV e/ou com baixa reserva de óvulos, o risco de não se ter uma trasferência embrionária chega a 40%, visto que a maioria dos embriões ou não atinge o estágio necessário para o PGS (quinto dia de vida embrionária, blastocistos) ou apresentam alterações genéticas, que poderiam ser os mosaicismos (falsos resultados).
Uma justificativa aceitável para o uso do PGS seria diminuir o risco do fracasso na FIV e de mais um desgaste financeiro e emocional para o casal, porém mesmo nestes casos, os dados são inconclusivos. O uso do PGS na maioria dos estudos não parece aumentar a taxa de nascidos vivos e o custo para realizar esse processo é alto. Dados americanos mostram custos de até 45 mil dólares para se atingir um nascimento com essa técnica.
Hoje, não temos dúvida que deve-se usar o PGD em casos bem selecionados, em que o embrião pode vir a ter doenças genéticas transmitidas pelos pais. Já o uso rotineiro do PGS não é nem de longe uma unanimidade e deve ser muito bem avaliado e discutido com o casal que busca um tratamento de fertilização in vitro.
Fonte: Department of Obstetrics and Gynecology, Stanford University, Palo Alto, California. Fertility and Sterility, ASRM, Outubro de 2016.
Texto escrito por Daniel Diógenes, Médico Especialista em Medicina Reprodutiva, Diretor Técnico da Clínica Fertibaby Ceará.

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