Aborto de Repetição e Falhas em Reprodução Assistida – O Comportamento Imunológico Feminino pode ser o Vilão

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Como um capítulo relativamente recente da história da medicina reprodutiva, o conceito da imunologia da infertilidade, surgido em meados dos anos 80, pode vir a ajudar vários casais a conquistarem uma gravidez. A teoria leva em consideração o comportamento imunológico do organismo das mulheres e sua relação com a infertilidade.

Teoriza-se que, em alguns casos, pode haver uma espécie de “alergia” ao feto, dificultando a implantação embrionária, levando a abortos repetitivos e a falhas recorrentes nos tratamentos de reprodução assistida. Isso acontece porque, em alguns casos, o sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo contra agentes externos, como microorganismos e outros agentes agressores, entende que o embrião é um corpo estranho no organismo feminino.

No corpo da mulher, o único “corpo estranho” que tem “autorização” do sistema imunológico para desenvolver-se, sem rejeição do organismo, é o feto. O problema consiste quando há uma falha nesse processo que regula a implantação embrionária.

Em regra, o sistema imune ataca tudo o que é considerado como “não-próprio” no organismo, tentando expulsá-los por meio das células de defesa, mas durante a gravidez, há um tipo especial de atividade imunológica que se desenvolve na mulher. A gestante produz anticorpos protetores que protegem o embrião do sistema imune, impedindo que haja a rejeição do feto e possibilitando o seu desenvolvimento, mas, infelizmente, isso não ocorre com todas as gravidezes. Quando existe uma falha deste mecanismo que protege o futuro bebê, formam-se anticorpos específicos que impedem a implantação do embrião e a mulher não consegue manter a gravidez.

Nesses casos, se não houver a realização de tratamentos específicos, podem ocorrer sérias complicações. A boa notícia é que a infertilidade de causa imunológica parece ser tratável. A imunologia da fertilidade é uma nova arma que pode contribuir com a área da medicina reprodutiva, muito embora sejam necessárias muitas pesquisas ainda para que se possa compreender o real papel da imunologia na fertilidade humana.

Fonte: Human Reproduction, revista da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE). Agosto de 2018.

Texto escrito pela Dra. Lilian Serio. Especialista em Medicina Reprodutiva. Sócia-Diretora da Clínica Fertibaby Ceará.

 

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